Depois de muito tempo tentando encontrar uma forma de conseguir entrar no supermercado, Reginaldo finalmente obteve êxito na tarefa e sentia-se aliviado por isso. Afinal, foram muitos minutos, talvez até mais de uma hora, até que ele encontrasse uma forma de passar pela rígida segurança do local sem ser notado.
Tudo bem que seu porte físico ajudou. Afinal, seu 1,65m e 55Kg eram aliados na tarefa de se locomover sem chamar muita atenção das demais pessoas. Mesmo assim, com a atenção redobrada da segurança, o acesso ao interior do estabelecimento foi deveras difícil.
Já dentro do local, ele tratou de se misturar aos que já circulavam pelos corredores. Ajeitou seus óculos de fundo de garrafa, pegou uma pequena lista de papel no bolso da calça jeans desbotada e tratou de ir às compras. Sabia que precisava ser rápido para não ser descoberto. Mas a pressa também era uma inimiga, já que poderia chamar a atenção das demais pessoas.
Mas tudo bem para ele. Afinal, com a nova onda de medo que assolava a pequena cidade Paraisópolis do Sul, Reginaldo já estava acostumado ao novo jeito de se portar. E sendo assim, seguiu com a listinha em mãos, fazendo cálculos mentais e procurando os itens das compras.
Passados alguns minutos, de tão absorto que estava na procura pelos produtos da lista de compras, involuntariamente Reginaldo deu aquela coçadinha na garganta, ou o pigarro, como também é chamado. Quando percebeu o que havia feito, olhou rapidamente para os lados, para ver se não havia sido descoberto. Olhou para a sua direita onde estavam duas senhoras de meia idade que conversavam em volume alto e certamente nada ouviram. Quando olhou para sua esquerda, um senhor de cabelos grisalhos olhava com cara feia para ele e saía de mansinho. Assustado com a possibilidade de que o senhor fosse chamar os seguranças, Reginaldo tratou logo de empurrar seu carrinho de compras na direção de outros corredores.
Depois do ocorrido, mais preocupado em não repetir o erro, aí que a coceira na garganta aumentava. "Tá na hora de ir embora!", pensou Reginaldo prevendo uma tragédia. Olhou para a lista e para o carrinho de compras e viu que alguns itens ainda estavam em falta, mas os essenciais já haviam sido encontrados. Decidiu então que era hora de deixar o local.
Voltou a se locomover em direção aos caixas, quando a coceira na garganta tornou-se insuportável e ele tratou de resolver o problema novamente. Nesse momento, para seu azar, passava em um corredor cheio e ao mesmo tempo em silêncio. No momento do pigarro, todos olharam desconfiados para ele e foram se afastando. Reginaldo sentiu a coceira aumentar e o pigarro não seria mais suficiente. Aumentou o ritmo dos passos, assim como aumentava a coceira. Estava insuportável e ele resolveu parar.
Depois de alguns segundos, conseguiu controlar a coceira na garganta e mais uma vez, instantaneamente, deu aquela olhadinha para cima, como forma de agradecimento, aliviado por controlar a situação. Grande erro.
O reflexo das lâmpadas foi fulminante e Reginaldo, sem ter tempo para reagir, simplesmente espirrou. "Puta merda", falou ele em voz alta. Mal terminou a frase e o nariz acusou a chegada de um novo espirro, este ainda mais forte. As pessoas ao redor já cochichavam entre si e apontavam para Reginaldo. Ele, em uma última tentativa de escapar e conseguir levar as compras para casa, onde sua família o aguardava, voltou a apressar o passo em direção aos caixas.
No caminho outro espirro e a coceira na garganta havia retornado. A desconfiança dos demais compradores chegou ao ápice quando Reginaldo não se controlou mais e tossiu. Aqueles que se afastavam de mansinho passaram a correr. Uma voz aguda anunciava, pelo sistema de som, um estado de emergência e solicitava a presença urgente da segurança no corredor 3 do supermercado. Reginaldo olhou para cima. Era onde se encontrava. Jogou o carrinho para o lado, as compras não importavam mais, e correu. A corrida forçou a já debilitada saúde de Reginaldo que parou, apoiou as mãos nos joelhos e entregou-se a um extenso acesso de tosse. Não conseguia mais se mexer. Quando levantou a cabeça, viu-se cercados por brutamontes de roupas pretas e com mascaras protegendo boca e nariz. As pessoas que antes circulavam pelos corredores haviam desaparecido.
Sem reação, Reginaldo foi imobilizado e levado para fora do supermercado. Seria entregue a um dos tantos locais onde pessoas com sintomas da gripe já estavam isoladas. E quando se recuperasse e fosse solto novamente, teria que "pagar uma multa por burlar a segurança e colocar em risco a vida de outras pessoas", como havia ouvido de um dos seguranças.
Naquele momento, humilhado e triste por ter fracassado em uma tarefa aparentemente tão simples como fazer compras, Reginaldo sentiu-se um criminoso. O seu crime? Tosses e espirros. Reflexo das paranoias que assolam as pessoas com as notícias de novos e mais fortes tipos de vírus da gripe.
Nota do Autor: Relato baseado (e com uma BOA dose de imaginação [leia-se viagem mesmo]) na experiência de quem passou a semana gripado e sendo "vítima" de olhares "tortos" e desconfiados a cada espirro, tosse ou sequer coçadinha na garganta em ônibus ou em estabelecimentos comerciais. É o preconceito aos gripados que está em alta nessa época...hehehe
hahahahahha
ResponderExcluirQue saudades que eu tava de ler os textos do Mr gomelli! hahahahhaa
Muitooo bom!
OBS: estou resfriada =P
July July... que bom te receber aqui de novo =)
ResponderExcluirtah resfriada tbm? é brabo... eu to recém melhorando... hehe
que bom que gostou do textoo... e eu tbm to com saudade dos teus textos hein... ei uma passada no teu blog e tá abandonado lá. Bóra voltar a escrever mocinha... hehe
bjo pra vc!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirclarooo todo são vítimas em potencial da gripe hauhauhauha tu por exemplo pode ter sido suíno e nem sabe hahahaha
ResponderExcluirNão sei porque a Dani comentou e apagou, mas como pude ler igual no meu e-mail, vou agradecer a visita neh...
ResponderExcluirenfim... se voltar aqui, dona Danieli, pode comentar e deixar aí neh... hehe
valeu!
Kéroláááine... hahaha
ResponderExcluirquanto tempo não aparecia por aqui hein...
bom, se foi a "suína", já está quase superada. Ou seja, não deixa de ser uma gripe mais forte apenas...
valeu ae pela visita. =)
Melhoras e que bons textos como esse voltem sempre. Só espero que a doença não seja uma condição tão importante na sua criação literária.
ResponderExcluirUm abraço.
hehehe... poxa Luciano, eu também espero que não. Porque se for assim, só vou escrever quando estiver doente e não quero estar doente com muita frequência...hehe.
ResponderExcluirObrigado pela visita.
Abraço!
Nao serà rinietzsche?
ResponderExcluirhahahaha...
ResponderExcluirae manolo Alemão... hahaha
valeu pela visita aí! o/
Parabéns pelo texto! Espero nunca sofrer tanto como o Reginaldo... Bem, um pouco estou. Com a chegada do frio intenso, a rinite me ataca. Espirro e coceira na garganta para se transformar em tosse já fazem parte da minha rotina. O pior é o que meu espirro chama a atenção. É muito engraçado. O som é "atchiiinnn". O "in" soa forte e não consigo mudar esse costume. Se o meu irmão está por perto, ele me imita. Só rindo...
ResponderExcluirEstá melhor da gripe? Continue escrevendo mais aqui. Vamos lá, moço!
Um abração da Lu e... Atchiiinnnn... Desculpe...
auhauhauahuahuah. eu já passei por isso! qdo tava morando em poa e estourou a gripe dos porcos, eu pegava busão gripado e só faltavam me expulsar do ônibus! e, curiosamente, lendo o texto foi me dando uma vontade de espirrar.....
ResponderExcluirfalow maluco! abraço!
Oi Luu... quanto tempo moça...
ResponderExcluirPois é, a tal da rinite me deu um tempo, mas a gripe me pegou de jeito... já to bom sim... hehe...
aposto que quando tu espirra ou tosse em algum lugar fechado, recebe algum olhar desconfiado... hehe... é o terrorismo gripal... hehe...
Abração pra ti moça!
Grande Ritter... tchê, foi mais ou menos isso que aconteceu comigo no bus, mas aí era intermunicipal, mais difícil me deixar na estrada... mas que me olhava torto, olhavam... hehe
ResponderExcluirvontade de espirrar? olha pra luz e tá feitooo... hahaha
abraço, manolo!