quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Profecia

- Bom dia, seu João! Friozinho hoje!?!

- Bom dia seu José Carlos... pois é, deu uma baixada mesmo na temperatura...

Assim Zeca começava mais um dia de sua entediante existência. E o adjetivo vinha bem a calhar, de acordo com o comportamento do nosso personagem.

Todo dia ele gastava horas reclamando da vida. Fosse no trabalho, onde os colegas até já estavam acostumados com suas lamentações, ou para os poucos amigos que tinha, ou ainda quando falava sozinho. E isso ele fazia muito.

Saiu do prédio onde morava e sentiu o vento frio que corria forte. Início de julho e o inverno finalmente mostrava a que veio. Uma coisa a menos para ele reclamar, talvez, já que vivia resmungando pelas altas temperaturas.

Por isso, elevou suavemente sua cabeça, como quem olha para o céu e deixou o vento lhe encher o rosto. “Ô coisa boa!”, pensou e seguiu adiante, rumo à estação do metrô.

Eram cinco quadras de certa calmaria, apesar do ritmo apressado das passadas. Mas o pior estava por vir. Horário de pico, todo mundo parecia querer pegar o mesmo trem, rumo ao mesmo destino. Resultado: aquela muvuca danada, empurra daqui, esbarra dali. Estava aí um “prato cheio” para Zeca mergulhar em reclamações.

Assim que entrou no vagão, buscou um lugar onde pudesse se segurar para não cair. “Cair pra onde nesse troço lotado!?!” resmungou. Quem estava perto ouviu e logo se formou um coro de reclamações. Todos ali tinham uma certa indignação com o que ocorria e todo dia era a mesma coisa. Bastava um comentário de como aquilo era absurdo, para quem estivesse por perto se manifestar. Era pior que conversa de comadre.

Em meio ao “bate boca”, Zeca quase perdeu a estação onde deveria descer. Saiu às pressas, empurrando meio mundo, sendo xingado por muita gente, mas enfim, saiu do trem. “Ufa!”

Mas a jornada até o local de trabalho ainda não acabara. Agora precisava andar mais duas quadras, atravessar a praça da Matriz, e enfim chegaria ao prédio. “Nem sei pra que tanta pressa. Não importa o quão cuidadoso eu seja com o horário, aquele mala do seu Norberto sempre tem um motivo pra pegar no meu pé”, resmungou mais uma vez, enquanto ainda ajeitava o terno, que depois da “batalha do metrô”, encontrava-se todo amarrotado.

Alinhado novamente, segurou firme na pastinha de couro, na cor preta, e seguiu em frente. Quando distraiu o olhar para a rua, acabou esbarrando em uma pessoa. Educado, voltou-se na mesma hora para se desculpar.

Espantado ficou quando se deparou com uma senhora um tanto esquisita, que lhe encarava em tom ameaçador. Cabelos brancos, com aspecto de sujo, roupa velha, mal cuidada. A velha, coitada, era um maltrapilho em forma de gente. Zeca a encarou por alguns segundos e lhe dirigiu a palavra, desculpando-se pelo esbarrão.

Como ela nada respondera e permanecia com o olhar fixo para ele, ficou intrigado. A senhora parecia querer enxergar além dos seus olhos. Zeca não sabia se sorria, se virava as costas e ia embora, ou se tentava falar novamente com ela. Foram poucos segundos naquela posição, mas com o mundo ao redor parecendo estar em câmera lenta, pareciam horas.

A velha finalmente desviou o olhar, fitou o chão por alguns instantes e balbuciou algumas frases que Zeca não conseguia entender. Quando ele já se preparava para ir em frente, ela voltou a olhar em seus olhos e finalmente respondeu. “Sua vida inteira vai mudar, quando a lua cheia chegar”, foi o que ela disse antes de virar e seguir sua caminhada.


O texto acima foi escrito para o desafio do Duelo de escritores.

sábado, 24 de março de 2012

Aiai... essa vida de adulto...

Lembro como se fosse hoje, mas não sei ao certo a minha idade na época. Só sei que era uma rotina que eu adorava. Chegava do colégio, largava tudo num canto e depois do almoço com a mãe e a minha irmã, ficava sozinho em casa.

Minha mãe ia para o trabalho no hospital e a minha irmã, envolta nas loucuras da adolescência, simplesmente sumia.
Ficava eu e os cachorros em casa. Mas não me importava com isso. Era divertido. Depois de dar aquela passadinha básica pelo pé de laranja que tinha no pátio e olhar um pouco da sessão da tarde, pegava minha velha bola de futebol, já com alguns "gomos" faltando e ia pra uma área grande que tinha na parte dos fundos da casa.

Ali, ficava por horas chutando a bola na parede pra que ela rebatesse e voltasse na minha direção. A ideia era defender a rebatida. Até narração tinha... hahaha

Enfim... era divertido. Só me preocupava mesmo em não acertar as lâmpadas ou os vidros da porta. Sim, porque na parte de trás da minha casa, tinha uma porta enooorme, toda de vidro.

E foi nesse dia, que eu me lembro bem, que aconteceu o que eu evitava. Numa das tantas rebatidas, a bola passou por mim e na tentativa de puxá-la de volta, ela foi reto e forte em direção à porta de vidro. Resultado? Uma das partes da porta virou caquinhos de vidro e eu entrei em pânico. Afinal, minha mãe ia chegar daqui algumas horas do trabalho e eu não escaparia ileso dessa vez.

Sim, porque eu sempre tive sorte. Talvez por ser um guri quieto, caseiro, e nunca ter tido problema na escola, minha mãe não tinha muitos motivos pra me dar broncas. E quando tinha, eu chamava minha aliada, a asma, pra me ajudar. Muitas vezes fingi uma falta de ar pra matar aula ou escapar de uma bronca... hehe...

Mas no fim das contas, a preocupação não refletiu na bronca. Minha mãe chegou, deu uma resmungada, mas nada demais. Talvez por eu ter um certo "crédito" por ser tranquilo, a coisa foi mais amena. Mas lembro como se fosse hoje, o medo que fiquei, a preocupação que fiquei quando quebrei a porta de vidro.

Como era bom aquele tempo. A preocupação de ter boas notas ou das broncas da mãe por uma ou outra arte, eram as únicas a importunar. Nada de contas a pagar, chefes a agradar, pessoas a contentar. E dizer que a gente tem aquela vontade, ou seria curiosidade, de ser adulto logo... engraçado..

Hoje o que eu queria mesmo era voltar no tempo, ser criança de novo, deixar essa vida adulta, tão complicada, pra trás e voltar a me preocupar com as notas da escola e com as broncas da mãe. Aiai...

Mas já que não podemos fazer isso né, vamos tocando a vida... hehehe...

Bom, por hoje era isso pessoal. Até a próxima viagem louca pela mente alucinada de Mr. Gomelli. ;)

domingo, 11 de março de 2012

Ctrl+Z

"Jonatan pegou o controle remoto da TV, o copo de suco e um pacote de bolachinha com uma mão. Depois, colocou o notebook embaixo do braço e com a outra mão pegou o carregador de bateria, o mouse, os fones de ouvido e o celular. Eram poucos passos entre o sofá da sala até a mesa do computador localizada em seu quarto. Por isso mesmo, imaginou que conseguiria vencer o percurso sem derrubar nada.

Assim, equilibrando as várias coisas, saiu caminhando o mais rápido que podia. Quando se aproximava da porta do quarto, deixou cair os fones de ouvido. Pensou ser possível alcançá-los sem maiores prejuizos. Mas em meio à "manobra", viu o controle remoto escorregar-lhe da mão. Na ânsia de salvar o objeto da queda, no reflexo, abriu o braço que segurava o note, que também passou a cair. Mais atazanado ainda na tentativa de salvar o computador, viu despencar o copo cheio de suco, o celular e tudo mais que tinha nas mãos.

Estava feita a cagada. O note não ligava mais. O celular havia se dividido em várias partes, mas talvez houvesse solução. O controle remoto e o mouse também estavam bem comprometidos e para completar, sua mãe com certeza iria brigar muito pelo copo quebrado e a sujeira no chão do corredor.

Jonatan ficou parado por alguns segundos olhando para a cena com um único pensamento: por que eu não levei as coisas aos poucos? Que merda!"

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Quem nunca sentiu algo parecido!?! Uma decisão mínima, coisa do dia a dia, que por ser mal tomada, acabou resultado em algo desagradável. E não precisamos nem ir para os exemplos mais graves. Coisas bobas mesmo.

Aquele espaço que a gente acha que dá pra passar, mas ao tentar, engancha a roupa e rasga aquela camisa tão boa que tanto gostava de usar. Ou ver alguém abanando no outro lado da rua e abanar de volta, para depois olhar que o cumprimento não era pra gente e sim pra outra pessoa logo atrás. Aquela piada que era só pro teu colega de sala ouvir, mas que graças ao silêncio repentino, todo mundo ouve, inclusive a professora, o alvo da piada. Aquele pacote de salgadinho que não quer abrir e a gente força, força, até que abre de uma vez e salta todo salgadinho no chão, na mesa, por cima do computador. Exemplos não faltam.

Quem nunca passou por momentos assim? Pois é. Justamente por essas coisas que eu acho que o comando Ctrl+Z deveria existir na nossa vida. Mas nada exagerado.


Tinha que ser algo limitado. Tipo, um por dia, ou algo assim. Porque senão a vida perderia a emoção se a gente pudesse voltar atrás toda hora.

Mas que seria muito útil um Ctrl+Z aqui, outro acolá, coisinhas básicas, ah, seria mesmo.

Mas é melhor eu parar de viajar, que a vida REAL, não tem essas regalias da vida VIRTUAL. Por isso, o jeito é tentar errar o menos possível, seja em coisas tão banais ou em outras mais importantes.

Tudo bem, a gente vai errar, mas poxa, tentar diminuir os erros é sempre bom. E mais importante que isso, sempre reconhecer quando estiver errado. Começando por aí já está bom, já que na vida não existem comandos que façam o tempo andar para trás.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia (s) das mulheres

De que adianta enaltecer as mulheres em um dia, se muitas vezes às tratam mal, sem o devido cuidado e, principalmente, respeito?

Todos temos mulheres importantes nas nossas vidas. E vamos deixar para mostrar o quanto são importantes apenas em um dia do ano, porque alguém um dia declarou esse, o dia da mulher?

Não, não! Não precisamos esperar alguém dizer a data certa para demonstrarmos a elas o quanto são importantes e especiais para a gente. Façamos isso todos os dias.

Tá bom, tá bom. Hoje, no dia da mulher, deixo aqui o meu muito obrigado às mulheres especiais que fazem parte da minha vida e os parabéns a todas as mulheres.

Mas eu sei que vai ser muito mais importante eu demonstrar isso que está escrito aí em cima, todos os dias. Senão, essas palavras viram apenas... palavras... sem sentido, sem VERDADE! ;)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A máscara

Quinho. Assim era chamado por todos. O apelido era de infância. De Marcos, virou Marquinhos e então chegou a Quinho. E assim, ao longo da vida, foi sendo passado a quem lhe conhecesse. Era o Quinho.

Quinho vivia feliz. Havia passado por algumas experiências ruins ao longo da vida, como qualquer pessoa. Havia chorado muito, mas finalmente era feliz. E a felicidade vinha de onde menos se espera, do trabalho e da solidão. Era feliz como engenheiro. Trabalhava feliz em meio a plantas, réguas e cálculos. E o melhor para ele, trabalhava, na maior parte do tempo, sozinho.

E estar sozinho era algo que ele gostava. Havia optado por isso depois de algumas desilusões com a vida, com as pessoas, melhor dizendo. A decisão era justamente essa. Passar o maior tempo possível sozinho.

Não por isso deixava de ter vida social. Muito pelo contrário. Por ocupar um cargo de importância na sua empresa, volta e meia estava envolvido em jantares, reuniões ou algo do tipo.

Para esse tipo de situações, assim como para todas as outras do dia-a-dia que envolviam convivência com outras pessoas, porém, havia desenvolvido uma técnica. Nada demais. Algo bem comum na verdade. Quinho "vestia" sua máscara social. Havia aprendido com o tempo. Não podia se esconder, nem evitar o convívio. E para não ser desprezado, achou nessa técnica a solução.


Então, diariamente, antes de sair de casa, vestia sua máscara e encarava o mundo. Mas encarava com sorrisos e alegria, coisas que não faziam parte da sua verdade. Fingia. Fingia com a maior cara de pau do mundo, mas não por mal. Fazia isso até mesmo para não causar má impressão, nem incomodar ninguém.

E assim a vida ia passando. Por mais incrível que pareça, Quinho fez amigos, e até mesmo atraiu olhares femininos. Mas não deixava nada ir além da sua máscara. E por mais que muita gente o perguntasse sobre sua solidão e afirmasse que seria feliz se deixasse isso de lado, ele sabia que era o caminho certo para si. Nunca antes na sua vida havia tido tanta certeza de algo.

Mas, de tanto ouvir de pessoas "próximas" que um dia o melhor seria deixar alguém entrar na sua vida, ultrapassar a barreira que havia construído com o tempo, acabou se deixando levar. E assim, em um belo dia, Quinho cometeu um erro que mudaria sua vida para sempre. Apaixonou-se.

Perdidamente apaixonado ele estava. Sua vida, só e pacata, calma e de certeza, transformou-se. Vivia e pensava 24 horas na pessoa. Passou a mudar sua rotina, fazer o que podia para aproveitar a presença do alvo de sua paixão.

E por alguns dias, envolto naquela atmosfera contagiante que só a paixão pode formar, Quinho chegou a acreditar que sua vida se transformaria. A solidão havia chegado ao fim. A máscara ficaria de lado, esquecida em um canto do quarto, e ele seria enfim uma pessoa normal. Teria enfim um motivo para sorrir de verdade, para viver de verdade. E realmente foi assim que as coisas aconteceram por alguns dias.

Ah o amor. Sentimento de tanta força. Havia devolvido a vida a Quinho. Assim ele pensava, caminhando com um sorriso no rosto, pelas ruas da pequena Novo Horizonte.

Mas a decisão de Quinho, pela solidão, não havia sido em vão. Demorou poucos dias para voltar a ter pesadelos com a realidade que lhe era imposta. A paixão, muito mais que a convivência com a pessoa desejada, fazia com que Quinho fosse exposto. Seus sentimentos, suas sensações, suas emoções ficavam a flor da pele. Afinal, é isso que acontece com os apaixonados. Mas Quinho não lidava bem com essa complexidade de sentimentos, e por este motivo havia optado pela solidão.

Grande erro cometera ao imaginar que agora poderia ser diferente. A felicidade da solidão havia dado lugar ao êxtase da paixão, que em pouco tempo deu lugar à dor das paranóias do jovem. E assim, pouco a pouco ele foi piorando. Logo, a paixão passou a ser um fardo para Quinho.

Os dias se arrastavam lentamente. Dormir era um sacrifício, acordar, mais ainda. Passava os dias buscando formas de desviar o pensamento, até que um dia ouviu uma frase na TV.

"A morte é a única solução para todos os problemas" - Joseph Stalin.

Quinho  acreditou...


O texto acima foi escrito para o desafio do Duelo de escritores.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Mr. Gomelli em... "Quem quer ser um milionário"

O título desse texto faz referência ao pensamento que tive ao chegar em "casa" na última terça-feira. Sim, pois parecia que tinha entrado dentro do filme "Quem quer ser um milionário". Isso pelo simples motivo da casa ter sido "invadida" por um monte de indianos. Sim né, como se já não bastasse a excentricidade do dono da casa, um músico, de cabelos brancos, que deve ter seus 50 anos e atende pela alcunha de "Maninho". Figuraça!

Pois bem, acontece que o local onde eu estou "morando" temporariamente é uma casa que é tipo uma pensão. Então, o dono acaba recebendo de tempos em tempos um pessoal da Índia. E foi isso que aconteceu mais uma vez essa semana.

Quando cheguei em "casa' na noite de terça-feira, a cozinha parecia uma rua de Nova Déli. Eram seis indianos, mas pelo tanto que falavam e pela velocidade da conversa, naquele idioma pra lá de esquisito, parecia que tinha uns 120 indianos na cozinha... hahaha

Em um primeiro momento, como um verdadeiro xucro da campanha, tratei de ficar pelo meu quarto. Mas algumas horas mais tarde, acabei indo à cozinha novamente. Eles estavam jantando e aí descobri que um deles fala português.

Bom, aí meu lado jornalista falou mais alto e eu puxei conversa pra matar minha curiosidade. Afinal, o que faziam aqui? Como vieram parar? Todos falam português? Como eram as coisas na Índia? Entre outras tantas perguntas.

E foi interessante. Ele contou que trabalha pra uma empresa da Índia, mas aqui no Brasil, o que faz com que esteja por aqui há 10 anos já. Os outros, porém, todos estão aqui pela primeira vez e não falam português. Isso rendeu algumas cenas engraçadas durante a semana, pois o único que falava português não ficou aqui na casa. Ele e o sobrinho dele, outro que "arranhava" algo no nosso idioma, foram pra outro local, deixando aqui os outros quatro que não falam nadica de nada em português.

Bom, o resto da semana foi meio que de descobertas. Por exemplo, a comida deles tem muita pimenta. Sério, TUDO leva pimenta, MUITA pimenta. Outra coisa interessante, eles não comem carne de porco, mas carne de gado está liberada. Eu, no auge da minha ignorância, por já ter ouvido falar tantas vezes sobre as vacas que são sagradas na Índia, achava que não comiam carne de rês. Mas eles comem sim. Só não podem matar, pois isso é pecado, afinal, lá o bicho é sagrado... hehe.

Mas o fato relacionado à comida que mais me chamou a atenção foi o de que eles comem com as mãos. Ou melhor, com A mão. Sim, pois é pecado sujar a mão esquerda, então eles usam apenas a direita. Tem até uma manha com o dedão pra jogar a comida pra dentro da boca, mas não tenho como mostrar agora pra vocês. E é estranho ver eles metendo a mão no prato cheio de comida, misturando tudo e levando à boca.

Uma coisa que me incomodou, talvez a única, já que a gurizada é bem tranquila, foi o "lago" que eles deixam no banheiro a cada banho. Eles simplesmente alagam todo o banheiro. Vira uma piscina. Não sei como conseguem.

Algo muito hilário é ouvir eles conversando. Eles falam MUITO rápido... é muito engraçado.

Na quinta-feira, um dos que falam português esteve aqui à noite. Primeira coisa a se considerar sobre ele: é a cara do protagonista de "Quem quer ser um milionário" (foto). Impressionante! 
Pois bem, conversando com ele, descobri que os outros não gostavam de ter que cozinhar todo dia. Sim, pois segundo ele, na Índia, a parte da cozinha, da casa como um todo, ainda é uma tarefa única e exclusivamente feminina. Ou seja, eles não estavam acostumados a ter que cozinhar. Ficavam um tempo em volta das panelas naquele falatório medonho. Era visível que discutiam o que e como fazer... hehe.

Mas a melhor cena da "semana indiana" aqui foi na noite dessa sexta-feira. Eles queriam ligar para um número de Brasília e pediram ajuda pra descobrir o DDD. Só que, obviamente, eles falando o idioma deles e eu o nosso, não deu muito certo. Eis que lembramos do inglês. Sim, não sei quem era pior no inglês, eu ou eles... hahahaha.

Foi um tal de "code" pra cá, "i don't know" pra lá, mas no fim conseguimos nos entender. E tudo terminou com um "thanks" e um "relax man"... hahahaha. Ah, e eles conseguiram fazer a ligação. Esse episódio me ajudou a descobrir que apesar da precariedade do meu inglês, eu consigo me comunicar razoavelmente no idioma. 

Enfim, poderia ficar puxando na memória mais coisas interessantes e estranhas sobre os indianos, mas acho que esse texto já ficou muito longo. E sabemos que os leitores não gostam de textos longos... hehe

Apesar dos pesares, foi interessante passar esses dias na convivência de um pessoal com a cultura tão diferente. Mesmo que não tenhamos nos comunicado tanto, observar certos hábitos deles foi legal. Mas o que mais me chamou a atenção mesmo foi ver eles comendo com as mãos e, lógico, o idioma.

Então era isso amigos.

Até a próxima! o/

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Eu voltei! (por enquanto)

Nove meses. Nove longos meses. Esse foi o período que fiquei fora do Jornalismo. E nunca pensei que fosse sentir tanta falta disso. 

Não é que eu não goste da profissão, mas pensei que não fosse fazer tanta diferença atuar ou não, no Jornalismo. Ledo engano. E foi hoje, quando eu efetivamente voltei a atuar, que vi o quanto gosto disso, o quanto fez falta.

Depois de nove meses, hoje eu peguei a câmera do jornal, meu bloquinho, uma caneta e saí para fazer uma reportagem. Foi muito legal a sensação que senti quando voltei à ativa, efetivamente. Fiquei feliz.

Sei que nem sempre vai ser fácil. Já vivi por dois anos essa rotina. Tem vezes que os entrevistados não colaboram, ou outros fatores atrapalham. Mas hoje, no meu retorno, eu me senti muito feliz. Entrevistar, fotografar, conversar com as pessoas e contar a história proposta, foi satisfatório.

Confesso que a "ferrugem" atrapalhou um pouco. Não tanto na conversa, na coleta de informações, de dados para compor a matéria, mas a redação em si foi mais complicada. Dei uma "travada" básica, mas no fim, saiu a matéria.

É interessante como a gente pode ser surpreendido por essas sensações. A vida tem disso. Muitas vezes não damos tanta importância a certas atividades ou momentos e são esses que acabam nos trazendo alegria. Mas lógico que é uma surpresa boa. O problema é quando nos enchemos de expectativa por algo e acabamos nos decepcionando. Infelizmente, acontece muito também.

Mas alegrias e decepções fazem parte da vida. Resta saber como vamos nos comportar diante delas. Eu já escrevi algumas vezes aqui que o ser humano tem essa mania de ficar se lamentando muito pelas coisas ruins e esquece de valorizar as coisas boas que acontecem ao mesmo tempo. Sim, porque na vida é assim. Coisas boas e ruins podem ocorrer simultaneamente. O erro está em dar "importância" apenas para as ruins e ficar se lamentando por elas.

Por isso, também, estou escrevendo esse texto. Como uma forma de exercitar o hábito de valorizar as coisas boas que acontecem comigo. Tive coisas ruins nesses dias também, mas deixa elas pra lá, que logo se resolvem.

Buenas... por enquanto era isso. Logo, logo volto para contar um pouco mais sobre a nova cidade. Já é a 6ª e é diferente de todas as outras... hehe. Normal, cada lugar tem suas peculiaridades. Enfim...

Até a próxima, pessoal.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Uma história de amor moderna...

O mundo havia parado. Pelo menos era isso que ele sentia naquele momento. Como se os minutos não passassem, como se estivessem envoltos em uma camada que os separava do restante de vida que existia ao redor.

Olhando em seus olhos, olhos cor de mel, ou apenas olhos de mel, como sempre dizia, ele pronunciou as três palavras.

- Eu te Amo!

Ela sorriu. Um misto de timidez e felicidade. Pelo menos foi assim que ele interpretou a reação de sua amada.

A jovem desviou por alguns segundos seu olhar. Quando voltou a olhar para ele, exibia o mais lindo sorriso. Ah, como ele adorava aquele sorriso.

Mas em poucos segundos o belo sorriso se transformou em uma gargalhada em alto e bom som, chamando a atenção dos que estavam a sua volta. Ele ficou assustado, mas pouco depois, ao ouvir o que ela tinha a dizer, ficou mesmo foi envergonhado.

- Mas que isso? Você tá louco? Hahahahaha...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Passeio de domingo: Redenção - Poa

Eu já escrevi aqui no blog, em outras oportunidades, o quanto eu gosto de Porto Alegre. Não sei explicar direito o porquê disso, só sei que sou meio fascinado pela cidade. E no último final de semana eu pude passar mais alguns bons momentos na capital gaúcha. Momentos esses que só me fizeram gostar mais ainda do lugar.

A visita à capital do estado foi mais uma vez devido a um concurso. Só que dessa vez, devido a um compromisso na região, na segunda-feira, acabei ficando por lá no domingo e começo da própria segunda. Assim, pude curtir alguns bons momentos na cidade, como uma atividade bem comum para os moradores de Poa.

Na tarde de domingo fui com amigos ao Parque Farroupilha, ou como é chamado, a Redenção. O lugar é legal. Para quem já conhece a mais tempo, ou mora em Poa e está acostumado a visitar o local, isso que escrevo aqui parece meio bobo, mas para mim, que não tinha feito o passeio ainda, foi algo a ser registrado.



A redenção é um parque bastante grande e até que tem uma estrutura bem organizadinha para receber os visitantes. E foi o que aconteceu no último domingo. Com a volta do sol, após alguns  dias de chuva, o pessoal se mandou para a "Redença". Era gente caminhando, andando de bicicleta, aproveitando pra pegar um sol, ou ainda recostado em uma sombrinha na grama ao redor do parque. Outros passeavam com os filhos, muitos levaram os cachorros para passear, e quase todos com o bom e velho chimarrão.


Toda essa mistura rendeu ainda algumas "cenas" interessantes e muito engraçadas, como o gurizinho vestido de "Superman' que corria pelo parque com os braços estendidos, como se voasse, e um cusco "enlouquecido" correndo atrás das pombas... hehehe (pena que não peguei fotos disso).

Outra coisa que achei legal no passeio foi o fato de ter achado o lugar muito bom para refletir. Em pouco mais de uma hora lá, fosse caminhando pelo parque ou sentado em um dos banquinhos, minha mente trabalhou bastante, os pensamentos fluíram bastante. E gosto de lugares assim. Com certeza é um ótimo lugar para refletir, pensar na vida, etc.


Tentei registrar o passeio, mas como vocês puderam ver, as fotos não ficaram das melhores... sabe como é né... foto de celular, tirei elas enquanto caminhava... hehehe... o que vale é a intenção! =)

Mas se clicarem nelas e ampliarem, já melhora um pouco mais a visualização!

Enfim. Se você mora em Porto Alegre ou não mora, mas já foi alguma vez na Redenção, pode ter achado o texto bem besta, mas como já disse antes, precisava relatar a minha impressão, que foi muito boa. Para quem não conhece e tiver a oportunidade de ir a Porto Alegre, sugiro que faça o passeio. Acho que vão gostar.

Até a próxima!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Troca de Turno

- Eita... finalmente acabou... já tava esgotado!

- Ah pára que você cansou tanto assim?

- Cara, você não imagina a loucura que tá lá fora...

- Mas o que pode ter de tão ruim assim? É sempre a mesma coisa... pelo menos foi o que eu sempre ouvi...

- Pois é, pois é... também pensava isso, mas vi que não é bem assim...

- Ihh... não vem querendo me assustar que já tá quase na hora de eu entrar.

- Então te prepara amigão... hehehe

- Mas e me diz uma coisa: tá muito quente?

- Depende do lugar né...

- Hum... por via das dúvidas vou levando roupa pra todas as estações.

- Ótima ideia!

- Mas vem cá hein... você não saiu meio cedo demais, não?!?

- Ah cara... ninguém tava me dando bola mais não... só falam em você... resolvi me mandar logo de vez... por falar nisso... tão te chamando oh.

- É... tenho ouvido muito isso faz uns dias já. É pedido de dinheiro pra cá, de amor pra lá... já to de saco cheio... eles acham que eu vou resolver tudo!?! Fazer um esforço pelas mudanças nem pensar né... eu que tenho que resolver...

- Ah, mas nem esquenta. É só no começo que é assim... depois eles te deixam quieto e o tempo “voa”. No final, é só aguentar umas reclamações quando percebem que tu já tá quase indo embora e eles já começam a falar no próximo. Bom, pelo menos foi assim comigo... hehehe

- Tá bom, tá bom.

(Segundos de silêncio)


“10, 9, 8, 7, 6, 5...

- oh, tá na tua hora, Doze. Boa sorte!

- Valeu Onzee... bom descanso aí pra você!


O texto acima foi escrito para o desafio do Duelo de escritores.