Em poucos minutos Gerson estava no quarto. Apesar da ansiedade por saber os detalhes sobre o procedimento, tentava descansar e dormir.
Olhou ao redor. As paredes brancas irritavam os olhos do rapaz. Tentou fechá-los para apressar o sono, mas quanto mais tentava dormir, menos sono sentia. Voltou a abrir os olhos e virou-se para uma grande janela a sua direita. Avistava apenas a escuridão do céu, pontilhado pelas estrelas e com a claridade da lua, quase cheia.
Seus pensamentos logo voltaram para os dias que antecederam a cirurgia. Estava intrigado por um motivo. Havia lembrado de todo o sucesso que sua história tinha feito, levando-o a participar de programas de TV e ao assédio nas ruas. Todos queriam conhecê-lo, entender a história de vida dele e principalmente o motivo que o levou a correr tal risco.
Era o primeiro ser humano a passar pelo revolucionário método que se assemelhava muito ao que é feito em um computador.
Lembrava-se perfeitamente que havia explicado toda situação e por isso mesmo fez ainda mais sucesso. Era tratado como o "último romântico". Todos falavam que sua história iria virar filme. Mas justamente aí se encontrava a dúvida de Gerson. Por mais que tentasse, não conseguia encontrar o motivo pelo qual tinha optado por ser o primeiro a passar pelo procedimento.
“Bom, se eu não consigo lembrar disso é por que o negócio deu certo...” – pensou alto, enquanto virava o corpo para o outro lado.
Sua cabeça havia começado a doer novamente. Uma dor chata, constante e cada vez mais intensa. “Agora sim que eu não consigo dormir”, pensou ele, antes de apertar o botão solicitando a presença de uma enfermeira.
Pouco minutos depois entrou em seu quarto uma senhora de idade, com ar cansado.
- O senhor precisa de alguma coisa? – perguntou ela tentando disfarçar a insatisfação por ter sua presença solicitada já tão tarde.
- É que eu to sentindo muita dor na minha cabeça. – explicou ele.
- OK! Volto num instante! – afirmou a enfermeira.
Nem 2min depois ela voltou para o quarto do rapaz com uma seringa na mão direita.
- Vou lhe aplicar uma dose de Morfina. Certamente irá aliviar a dor – explicou ela.
Gerson consentiu, mas permaneceu calado. Assustava-se com a ideia de precisar de um medicamento tão forte. Acompanhou cada movimento da enfermeira ao aplicar a Morfina e viu ela se afastar lentamente, depois de desejar uma boa noite a ele.
Virou-se novamente para a janela e em poucos minutos sentiu seus batimentos acelerarem. Assustou-se por alguns instantes. Era a Morfina fazendo efeito. A dor na cabeça foi ficando de lado e em poucos minutos Gerson adormeceu.
Foi acordar somente no outro dia, novamente com o coração acelerado. O motivo, porém, era outro. Durante o sono, Gerson havia sonhado e em determinado instante do sonho deparou-se com uma bela jovem de traços finos, cabelos castanhos e lindos olhos verdes.
Foi nesse instante que, sem motivo aparente, o rapaz foi ficando ofegante, com coração acelerado. Aquela sensação vinha da visão da bela jovem, mas ele não conseguia lembrar quem era a moça.
Em meio à confusão causada pelo sonho, Gerson foi acordado por leves batidas na porta do seu quarto. Virou a face e avistou a bela médica que fazia parte da equipe responsável pelo procedimento. Era o momento de saber os detalhes da cirurgia e mais importante, saber se havia funcionado.
[CONTINUA]
Ps.: caso ainda não tenha lido o início dessa história, ela se encontra no link logo abaixo.
Pra esquecer
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Pra esquecer