segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Pra esquecer (continuação)

Em poucos minutos Gerson estava no quarto. Apesar da ansiedade por saber os detalhes sobre o procedimento, tentava descansar e dormir.

Olhou ao redor. As paredes brancas irritavam os olhos do rapaz. Tentou fechá-los para apressar o sono, mas quanto mais tentava dormir, menos sono sentia. Voltou a abrir os olhos e virou-se para uma grande janela a sua direita. Avistava apenas a escuridão do céu, pontilhado pelas estrelas e com a claridade da lua, quase cheia.

Seus pensamentos logo voltaram para os dias que antecederam a cirurgia. Estava intrigado por um motivo. Havia lembrado de todo o sucesso que sua história tinha feito, levando-o a participar de programas de TV e ao assédio nas ruas. Todos queriam conhecê-lo, entender a história de vida dele e principalmente o motivo que o levou a correr tal risco.

Era o primeiro ser humano a passar pelo revolucionário método que se assemelhava muito ao que é feito em um computador.

Lembrava-se perfeitamente que havia explicado toda situação e por isso mesmo fez ainda mais sucesso. Era tratado como o "último romântico". Todos falavam que sua história iria virar filme. Mas justamente aí se encontrava a dúvida de Gerson. Por mais que tentasse, não conseguia encontrar o motivo pelo qual tinha optado por ser o primeiro a passar pelo procedimento.

“Bom, se eu não consigo lembrar disso é por que o negócio deu certo...” – pensou alto, enquanto virava o corpo para o outro lado.

Sua cabeça havia começado a doer novamente. Uma dor chata, constante e cada vez mais intensa. “Agora sim que eu não consigo dormir”, pensou ele, antes de apertar o botão solicitando a presença de uma enfermeira.

Pouco minutos depois entrou em seu quarto uma senhora de idade, com ar cansado.

- O senhor precisa de alguma coisa? – perguntou ela tentando disfarçar a insatisfação por ter sua presença solicitada já tão tarde.

- É que eu to sentindo muita dor na minha cabeça. – explicou ele.

- OK! Volto num instante! – afirmou a enfermeira.

Nem 2min depois ela voltou para o quarto do rapaz com uma seringa na mão direita.

- Vou lhe aplicar uma dose de Morfina. Certamente irá aliviar a dor – explicou ela.

Gerson consentiu, mas permaneceu calado. Assustava-se com a ideia de precisar de um medicamento tão forte. Acompanhou cada movimento da enfermeira ao aplicar a Morfina e viu ela se afastar lentamente, depois de desejar uma boa noite a ele.

Virou-se novamente para a janela e em poucos minutos sentiu seus batimentos acelerarem. Assustou-se por alguns instantes. Era a Morfina fazendo efeito. A dor na cabeça foi ficando de lado e em poucos minutos Gerson adormeceu.

Foi acordar somente no outro dia, novamente com o coração acelerado. O motivo, porém, era outro. Durante o sono, Gerson havia sonhado e em determinado instante do sonho deparou-se com uma bela jovem de traços finos, cabelos castanhos e lindos olhos verdes. 

Foi nesse instante que, sem motivo aparente, o rapaz foi ficando ofegante, com coração acelerado. Aquela sensação vinha da visão da bela jovem, mas ele não conseguia lembrar quem era a moça. 

Em meio à confusão causada pelo sonho, Gerson foi acordado por leves batidas na porta do seu quarto. Virou a face e avistou a bela médica que fazia parte da equipe responsável pelo procedimento. Era o momento de saber os detalhes da cirurgia e mais importante, saber se havia funcionado.

[CONTINUA]


Ps.: caso ainda não tenha lido o início dessa história, ela se encontra no link logo abaixo.
Pra esquecer

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Da série: Que letra linda! Filipe Valerim - Volte a lutar

Buenas, já que o pessoal parece não ter gostado muito do último conto (leia-se "viagem") de Mr. Gomelli, resolvi deixar a continuação para mais tarde.

E nesse meio tempo, conheci uma música que me fez reativar uma espécia de "bloco musical" do blog, que estava meio esquecido.

Claro que muitas músicas possuem letras fantásticas, tocantes, que nos levam à reflexão, mas essa em especial, pelo atual momento que vivo, fez com que trouxesse ela aqui para o blog.

A letra é bem legal, fez eu refletir e trouxe aquela sensação de "coisas positivas estão por vir"... sabem como é!?! Pois é. Eu senti isso pelo menos. 

O ritmo é um reggaezinho bem suave, o que sempre ajuda a relaxar. Acho que vale a pena perder uns minutinhos para curtir.

Então vamos lá. Primeiro a letra  (negrito/itálico em trechos que mais gostei) e logo mais abaixo um vídeo para que possam ouvir e tirar suas conclusões. Aahh... acho importante ouvir a música, porque só ler a letra não é a mesma coisa, obviamente.

Então tá. Boa leitura e até a próxima!



Aiaiaiaiai.... ouvi....
O que é que fez, você chora?
Ouvi dizer que a vida,
Sempre foi, vai ser assim...
Quem foi que te falou, que o cheiro dessa flor

É de anis, acácia ou margarida,
Você acreditou, também comemorou,
Cantou vitória antes da partida.
Eu trabalhei um bocado,
Ainda não deu resultado, eu sei...
Eu não sei bem se ta perto, mas se um dia der certo,
Foi de tanto tentar...

E você que chora, que chora, implora pra tudo mudar,
Temendo a demora, e as noites viradas pra um dia alcançar,
A hora é agora, cuidado que o tempo não vai te esperar,
Enxuga esse rosto, levanta a cabeça e volte a lutar...



domingo, 6 de novembro de 2011

Pra esquecer

Gerson acordou assustado. Estava deitado e o contato da luminosidade com os olhos fez com que a cabeça doesse. Levou a mão à testa e sentiu que estava com a cabeça enfaixada. Foi então que percebeu onde estava. Aquela sala branca e bem iluminada não passava de uma sala de pós-operatório. Olhou em volta e viu que era observado por pessoas de jaleco branco. "É, definitivamente eu to num hospital", pensou.

Uma das pessoas se aproximou e explicou ser uma das médicas que faziam parte da equipe que realizara o procedimento. Perguntou-lhe o nome, onde estava, sua idade, como se sentia. Perguntas que Gerson respondeu sem dificuldade alguma. A mulher então se afastou novamente.

Depois de alguns segundos observando a bela doutora, voltou a pensar na sua situação.

Ainda meio "grogue" procurou lembrar dos acontecimentos que o levaram até aquele local. Recordou-se da sua chegada, no dia anterior. Estava tão assustado quanto agora. Afinal, o procedimento pelo qual iria passar era totalmente novo e sem eficácia comprovada.

O método era revolucionário. Pelo menos assim foi tratado por toda mídia e pelos especialistas desde que foi noticiada sua criação. Assemelhava-se muito ao que é feito em computadores. Mas em um ser humano? Seria mesmo possível isso? Gerson duvidava muito, mas como estava desesperado, resolveu arriscar. "Situações extremas exigem medidas extremas", pensou ele, antes de decidir ser o primeiro ser humano a passar por tal procedimento.

Em poucos dias encontrou o contato do consultório da única médica brasileiro que fazia parte da equipe que desenvolveu o procedimento. Descobriu então os detalhes do método e concordou em assinar todos os termos possíveis que garantiam seu conhecimento sobre os riscos aos quais iria ser submetido. 

A data foi marcada e em poucos dias Gerson era intensamente assediado pela imprensa nacional. Afinal, seria o primeiro ser humano a passar pelo novo procedimento e justo um brasileiro. Queriam saber sua história, conhecer o homem que correria tal risco e, principalmente, o porquê de chegar a tal ponto. Participou de programas ao vivo, foi entrevistado por revistas, jornais, emissoras de televisão. Sua história virou um dos assuntos mais comentados em todo Brasil, quiçá do mundo.

Gerson havia virado uma celebridade. Não podia mais ir ao mercado, à farmácia, à padaria ou qualquer outro local sem causar tumulto. Todos queriam vê-lo, queriam conhecer o homem que iria arriscar a própria vida daquela forma. As pessoas pediam para tirar fotos com ele e até autógrafos já estava dando.

Ele já abria um pequeno sorriso lembrando das situações que viveu nos dias que antecederam o procedimento quando ouviu os passos firmes da doutora vindo em sua direção novamente. Olhou para o lado e viu a jovem de cabelos loiros se aproximando com um "meio sorriso" nos lábios.

- Vamos levá-lo para um quarto para que você possa descansar. E amanhã faremos os testes para ver se o procedimento funcionou. Tudo bem? - ela tinha um tom amigável.

Gerson apenas acenou positivamente com a cabeça e em poucos minutos estava sendo direcionado ao quarto.

Estava contente, apesar de ainda um pouco zonzo. Havia acordado, sinal que estava vivo, o que já era motivo para ficar aliviado. E além disso, todos os sentidos pareciam funcionar normalmente...

[CONTINUA]