sábado, 13 de junho de 2009

Alegria que me alegrou...

Ao menos uma coisa teria que acontecer para alegrar meu dia, que está relatado abaixo, já que foi um verdadeiro tormento para mim. E o que acabou salvando, de certa forma, foi uma ligação. Meu avô me ligou. Fazia tempo que não falava com ele, que na verdade é como um pai para mim, e foi ótimo falar com ele.
Uma ligação relativamente curta. Mas ele parecia estar feliz. Sua voz transmitia felicidade. Foi um diálogo rápido. Os corriqueiros "como estão todos por aí?", "como vai a faculdade?", e as novidades de cada um, mas repito, foi ótimo sentir um tom alegre em sua voz. Fazia algum tempo que não sentia alegria nele. A última vez que falei com ele pessoalmente, aliás, foi muito difícil. Conversamos brevemente e pude ver na minha frente uma pessoa um tanto amargurada com a vida, triste, algo que nunca tinha visto nele. Eu não entendia direito o que estava acontecendo ali, mas entendia muito bem seus motivos.
Meu avô sempre foi um homem muito lúcido. Ao lado de minha avó (mais abaixo tem um texto que retrato um pouco da relação dos dois) construiu uma grande família. Tiveram cinco filhos e dez netos e sempre fizeram de tudo pra apoiar a todos, sempre que necessário. Mas também souberam o momento de deixá-los trabalhar e viver com suas próprias pernas, mas sempre dando o apoio necessário.
Ele sempre foi um guerreiro. Na verdade falo isso muito mais baseado nos anos que convivi realmente com ele, pois do passado, sei apenas algumas histórias. Mas tenho convicção de que é um guerreiro. Não vou falar aqui que sempre foi uma pessoa sorridente, pois também tem seus dias de irritação e sabe dizer não quando julga necessário. Sempre foi e continua sendo um homem muito íntegro. Eu, na verdade, tenho ele como meu maior exemplo na vida. Talvez aquele herói que todos nós temos, seja meu avô para mim.
Mas um certo dia ele perdeu sua companheira. Depois de 55 anos junto a ela, ele se viu novamente sozinho. Óbvio que tinha seus filhos e netos, mas, cada um com sua vida, tinham pouco tempo para ele. Ficou assim, sozinho, por um tempo, até que acabou achando alguém para lhe fazer companhia. Mal sabia ele, o que estava por vir.
A família foi se despedaçando envolta em uma rede de brigas e disputas. E aquilo que ele e minha avó construíram durante toda a vida, perdeu-se em poucos meses.
Eu não vou tomar partido aqui. Só sei que não gostei de ver toda aquela amargura em meu avô.
Não serei hipócrita e dizer que sou perfeito. Nem tão pouco arrogante ao ponto de julgar as decisões que cada um toma. Apenas acredito que acima de tudo nessa vida, devem estar as relações sinceras. Aquelas baseadas no AMOR. E repito, não me refiro somente ao amor entre um homem e uma mulher, mas sim a tudo aquilo ou aqueles que são importantes em nossa existência. E foi muito triste ver a minha família desmoronar assim por motivos supérfulos e pior ainda ver a tristeza nos olhos de meu avô.
E foi por isso que ontem, um breve momento de felicidade que tive, foi quando ouvi aquele tom alegre em sua voz. Parecia feliz meu tchê! E como foi bom sentir ele feliz assim!
Pelo amor de Deus. Vamos viver assim até quando, suportando este mundo capitalista, no qual só importa o montante financeiro de cada um? Cultivemos os bons sentimentos e quem sabe assim vamos conseguir melhorar a sociedade em que vivemos. Do contrário, só Deus sabe o que iremos enfrentar...

Um comentário:

  1. Outro dia estava lendo uma frase, que creio eu, se enquadra bem nesse contexto do texto: Não importa quem se é na vida, mas quem você tem na vida.
    Teu avô é o que de melhor tens a lembrar, e não importa o dinheiro do mundo, nada pode comprar a alegria que ele causa em ti.
    Cultiva isso!

    ResponderExcluir