terça-feira, 27 de julho de 2010

O menino!

Todo dia o menino cumpria a mesma rotina. Por volta das 4hs da tarde saía de casa em direção à padaria. Sua missão era simples: comprar pão para o café da tarde da família. Ele às vezes estava sem vontade de fazer o que lhe cabia, mas como era sua tarefa diária, acabava cumprindo, só acabava indo mais tarde às vezes. Mas sempre tinha o cuidado de ir antes de sua mão chegar do trabalho, para evitar a bronca.
No trajeto até a padaria, cerca de 10 quadras, o que dava uns 15min para ir e outros 15min para voltar, ele simplesmente mergulhava na sua própria imaginação. Cada pessoa, cada casa, cada acontecimento no trajeto, ele misturava com sua fértil imaginação e bolava histórias incríveis, enquanto caminhava e contava as lajotas da calçada.
Se um passarinho atravessava seu caminho, ele logo imaginava onde estaria indo ou como é a vida de um passarinho. Se o sol estivesse muito quente, ficava pensando como seria estar no sol, ou na lua, ou simplesmente no espaço. O vento soprava forte e ele pensava logo se teria alguma forma de ver o vento. E assim ele seguia, com sua imaginação, sua insistente mania de ficar contando as lajotas de cada calçada e uma competição consigo mesmo, de tentar sempre fazer o trajeto em menos tempo que das outras vezes. Ou seja, mesmo não tendo muita vontade de realizar aquela tarefa diária, ele sempre acabava se divertindo, graças a sua imaginação sempre muito atuante.
O problema é que em alguns dias o trajeto se transformava em um verdadeiro incomodo. Isso porque na quadra seguinte a da sua casa, morava um outro menino, um pouco mais velho e maior que ele. Este outro aparecia alguns dias sim, outros não, e insistia em implicar com o menino sempre que ele passava. Um dia era apenas um xingamento pejorativo, em outros, era algumas frutinhas ou pedrinhas que voavam em sua direção.
Aquilo deixava ele intrigado, além de, obviamente, incomodado. 
Não entendia porque o outro garoto gostava tanto de incomodá-lo, já que nunca havia feito nada para merecer tal comportamento. Normalmente, quando avistava de longe o tal garoto, tratava logo de atravessar a rua e alguns dias até mesmo mudava o trajeto, só para não ser atingido por alguma pedrinha ou ter que ouvir os xingamentos.
Sabia que aquilo era até um ato covarde de sua parte, mas pensava, no alto dos seus 11 anos, que não havia necessidade de brigar com o outro garoto. Sempre aprendera, na escola, ou mesmo em casa, que o homem é o único ser racional. Isso queria dizer basicamente, que somos o único animal que pode resolver suas desavenças conversando, e era assim que ele pensava que aquilo devia ser resolvido.
O próximo passo então, foi tomar coragem para ir até o garoto. Pensou que o momento certo seria o dia que ele não estivesse tão hostil, pois em alguns dias ele parecia simplesmente não querer confusão, mas isso era raro. 
Então ele seguiu sua rotina até o dia que passou pelo outro jovem, já na volta da padaria, com uma sacola cheia de pães ainda quentes, e não houve reação. Pensou então: "É agora".
Voltou e chamou o outro garoto: - Hei,  posso te perguntar uma coisa? - suava frio com medo da reação do outro menino, que vendo mais de perto, realmente era bem maior que ele.
O outro apenas abriu um pequeno sorriso de canto de boca e balançou a cabeça positivamente. Ele então seguiu:
- Porque você implica tanto comigo? Eu nunca te fiz nada...sério, não entendo porque...
Apesar do silêncio do outro menino e do iminente perigo que ele pensava correr, não se moveu, a espera de uma resposta.
- Sei lá, acho que nada. Faço só por diversão mesmo . - respondeu então o agora arrogante oponente.
Ele seguiu firmemente.
- Então eu quero saber se tem como parar. Eu não fiz nada pra ti. Só quero poder ir na padaria em paz. Só isso. Tudo bem?
- Tá bom - respondeu o outro, rindo e virando-se em direção a sua casa.
O menino então deu meia volta e retornou ao seu trajeto. Estava claro para ele, que tinha tomado a atitude certa. Se ele pode resolver isso conversando, por que fazer de outra forma?
E assim seguiu seu caminho pensando porque muitas pessoas preferiam brigar, machucar e até matar se o homem tem essa vantagem, esse dom da fala. Imaginando porque optar pela violência, se o homem pode conversar e chegar a soluções pacíficas para seus problemas. Definitivamente não entendia aquilo, mas seguia certo que a parte dele estava fazendo e naquele dia chegou em casa orgulhoso de si.

terça-feira, 20 de julho de 2010

E a culpa, é de quem?


Nós temos uma mania de tentar encontrar culpados. Qualquer coisa que acontece, precisa ter UM culpado.

Ah, o time não está jogando bem? A culpa é do técnico;
O craque do time perdeu um penalti na decisão? A culpa é dele e não do goleiro que fez uma grande defesa;
O namoro acabou? A culpa é dela que é uma insensível;
O jornal atrasou? A culpa só pode ser daquele reporterzinho que demora um século para escrever suas matérias;
O Dunga convocou mal a seleção? A  culpa é da CBF e dos patrocinadores;
O Dunga brigou com o repórter? A culpa é da Globo, óbvio;
O Brasil foi eliminado da Copa? A culpa é do Dunga;
E por aí vai.

Sempre é preciso achar um culpado. Parece que não nos contentamos enquanto não elegermos um responsável. É notória essa nossa "necessidade". Mas o que me chateia muitas vezes, é que normalmente se aponta a culpa ou para a figura mais fraca na história, ou para aquela que não poderá se defender, o que a torna uma opção mais cômoda, digamos.
Outro dia, mais precisamente em um sábado, eu estava lendo o Jornal das Missões (o melhor da cidade e da região...hehe) e me deparei com um texto sobre o caso do desaparecimento da Elisa Samudio, no qual temos a figura do goleiro Bruno, supostamente envolvido.
Primeiro deixa eu explicar porque usei desaparecimento e não assassinato. Simples! Onde está o corpo ou pelo menos os vestígios dele? Logo, embora tudo indique que houve sim um assassinato, isso não foi comprovado, e portanto, tratarei como desaparecimento.
Bom, vamos ao principal. No texto que eu li, o autor (que não vou revelar pois não vem ao caso) afirma que a culpa do suposto crime, com suposto envolvimento de Bruno, é da Mídia. Veja bem, no meio de uma grande quantidade de fatos, ele conseguiu chegar a conclusão de que a culpada do crime, se este for confirmado, é a mídia. 
Tudo bem! Ele tem todo direito de pensar assim, mas eu também tenho o direito de não concordar.
Vou ser um pouco corporativista aqui, pois estarei de certa forma defendendo algo no qual eu me incluo. Porque mesmo que não atue nos grandes meios de comunicação, estou inserido na mídia com minha simplória atuação aqui no jornal local...hehe. 
No texto, a principal argumentação dele era a seguinte: "A culpada é a grande mídia, que transforma essas pessoas, simples mortais, com quase zero de estudo, em Deuses, em Reis, em Fenômenos, em Fabulosos, em Guerreiros, em Heróis...".
Obviamente que as pessoas às quais ele se refere são os jogadores de futebol, mas eu discordo de que a culpa de um jogador estar supostamente envolvido em um crime, seja da mídia. Se for assim, qual o envolvimento da mídia nas outras centenas de casos que ocorrem todo dia, idênticos a este? A culpa é da mídia também? Como ela consegue?
Agora só porque acontece com alguém famoso, a culpa é da mídia, que teria endeusado esta pessoa? Não mesmo. 
Acho muito fácil simplesmente jogar a culpa sobre a imprensa, esquecendo aí de outros fatores muito mais importantes. Oras, temos a fraca educação, a influência das drogas, da bebida, as más companhias e claro, também temos o fato da grande soma de dinheiro desse jogador. A fama dele, também deve ter subido à cabeça e feito ele pensar que poderia fazer algo assim, se é que fez.
Mas aí, na minha opinião, entra o mais importante dos fatores: a índole dessa pessoa. Ele poderia ter nascido em berço de ouro, tido a melhor educação possível, ter um bom emprego, sem a fama que tem, mas se a índole dele é ruim, ele vai acabar cometendo um crime.
É lógico que a imprensa tem grande poder de manipulação sobre as pessoas, principalmente as emissoras de TV. Acredito também que muitos crimes podem ter ocorrido após assistir a uma cena de crime em uma novela, ou em um filme. Mas quem acaba cometendo estes crimes por influência da mídia, é porque já tinha em si, essa queda pela maudade. O fator psicológico também pode ter grande poder.

Mas convenhamos, colocar a culpa na mídia é muito cômodo. É esquecer todos os outros fatores e problemas que estão envolvidos.

Bom, era isso. Espero que tenham entendido meu ponto de vista e sintam-se à vontade para concordar ou discordar.

Grande abraço e até a próxima!

domingo, 11 de julho de 2010

Que venha 2014!

Quando o árbitro inglês Howard Webb apitou o final do 2º tempo da prorrogação do jogo entre Holanda e Espanha, estava encerrada mais uma edição da maior festa do esporte no planeta, ao lado das Olimpíadas. A Copa do Mundo acabou e a nós, meros apaixonados pelo esporte mais popular do planeta, só restou comemorar tudo que aconteceu neste mundial.
Foi a Copa da alegria, das grandes imagens e das emoções, de todos os tipos. Sorrisos, gritos, choro, dor, tudo em um mês em que boa parte do mundo parou para acompanhar a saga daqueles guerreiros representando suas nações.
Aí você pode questionar, dizendo que estou elevando a um grau muito alto simples mortais e um evento como este.
Mas eu tenho certeza que aqueles que como eu, são apaixonados pelo esporte, vão me entender.
Em um mês tivemos mostras de que todos os povos, todas as etnias e torcidas diferentes podem conviver em harmonia. Foram pouquíssimos registros de violência entre torcedores em solo africano.
A Copa marcou pela alegria daquele povo tão sofrido, em receber o mundo, em receber uma festa tão grandiosa e de forma tão bela.
A Copa marcou pelas imagens, pelas emoções. Foram tantas que fica até difícil enumerar apenas uma que irá ficar na memória.
A dança dos sul-africanos no 1º gol do mundial? o choro do norte coreano ao ouvir o hino do seu país antes do jogo contra o Brasil? Os beijinhos e afagos de Maradona em seus pupilos? Os xingamentos de Dunga? A festa das torcidas? A Jabulaaaaaani? Os belos gols?  As falhas? As faltas duras? O golaço de Luis Fabiano com a ajuda do braço de Deus (resposta a La mano de Díos argentina)? A arrogância dos franceses que brigaram entre eles? A raça uruguaia? O toque de bola refinado da Espanha? A "defesaça" de Luis Suárez contra Gana? O choro dele após ser expulso e a vibração após ver o jogador ganês errar a cobrança? A eliminação brasileira? A festa dos espanhóis?
Nossa, foram tantas. Você que possa ler isso provavelmente vai ter tantas outras.
O importante é que a festa foi linda, o futebol mostrou sua força, o esporte mostrou sua força, porque são poucas as coisas neste mundo capazes de reunir tanta gente diferente em torno de um objetivo e em paz. E a Copa é isso aí. A festa maior do futebol mundial.
Acabou lá na África, mas o 1º mundial em solo africano vai ficar marcado para sempre na minha memória. E que venha 2014. Conto desde agora os dias para ver tudo isso acontecendo aqui, onde está o país mais apaixonado pelo futebol. Só peço a Deus que me deixe poder assistir a esta festa que tem tudo para ser tão ou mais grandiosa que a que acabamos de presenciar na África do Sul.
E para encerrar, não poderia deixar de falar na grande campeã, a Espanha, que inclusive queimou minha língua. Cheguei a apostar que não iria muito longe, mas aí está. O melhor time venceu. Foi justo, enfim.
Que venha 2014 e que façamos uma festa tão grande quanto esta.
Agora, enquanto esperamos, vamos repetir os craques da bola e cuidar bem da nossa mais valiosa arma contra tudo de ruim possa existir no nosso país: o voto. Sejamos craques nas urnas por um Brasil melhor.

E que venha 2014!

E viva o futebol!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Momentos e sentimentos!

Eu estava agora há pouco, há alguns minutos na verdade, lendo o novo texto da Tamiris, no blog Vento na Varanda, no qual também escreve o Fred Nogueira (recomendo que passem por lá), e naquele texto ela falava sobre as nossas emoções, como sentimos a vida, os acontecimentos da vida e como isso acaba nos influenciando. Claro, ela lá teve suas conclusões e o texto acabou servindo meio como uma inspiração para eu escrever esse aqui. 
Bom, eu peguei a reflexão dela, misturei com os acontecimentos dessa semana na minha vida, acrescentei um pouco da minha própria forma de pensar sobre as coisas, tudo isso ao som de Los Hermanos (que incrivelmente tem o poder de me fazer pensar e refletir) e cá estou.
Parem agora e pensem no que sentiram nestes últimos dias. Provavelmente não irão lembrar cada sentimento de cada momento do dia de ontem, por exemplo, mas por algum motivo, certos momentos e suas sensações, acabam marcando muito e não precisa ser nada muito espetacular. Mas afinal, o que te fez sorrir esta semana? Não o rir de uma piada. Digo o sorriso de alegria.
Pois é, eu tive isso ontem. Passei o dia inteiro me questionando porque eu estava tão contente. Acordei cedo para trabalhar, com sono como sempre, pois como de costume dormi pouco. Era dia de fechamento do jornal, ou seja, um dia estressante por si só, sem contar os problemas de uma fonte que não atende o telefone, de uma informação que está incompleta, do computador que trava na hora de salvar todo o trabalho feito, entre outros, todos comuns no dia-a-dia. A temperatura não era a mais agradável para mim. O calor fora de época costuma me incomodar. Bom, na verdade, o calor me incomoda em qualquer época e ontem estava quente na Capital das Missões. Mas mesmo com tudo isso, eu estava mais faceiro que formiga no doce.
Definitivamente a quarta-feira foi um dia feliz para mim e até agora, sem um motivo aparente. Simplesmente eu estava contente. E foi um dia tão bom. Parece que todo o estresse comum no dia-a-dia de trabalho simplesmente não existiu. Na verdade, eu sei que ele estava lá, no lugar de sempre, mas acho que eu estava tão alegre, que simplesmente não dei bola. Cumpri minhas tarefas, relevei os incomodos do dia e passei algumas horas muito agradáveis.
Mas por que não conseguimos fazer isso todos os dias? Será porque gostamos de sofrer?
Não. Na verdade nós somos é uma verdadeira caixinha de surpresas, imprevisíveis. Não há como prever como vamos estar amanhã. Podemos até tentar. Vou me deitar hoje e pensar: "amanhã vai ser um dia bom, vou ficar alegre". Mas quem vai explicar porque no outro dia tu acorda com um mau humor do tamanho do mundo? Não dá para entender. E agora vou usar aqui, uma frase da autora do texto que me influenciou para vir aqui escrever, a Tamiris: "Vai entender, ou melhor, não faça isso. Não dá pra entender o incompreensível. O que podemos é especular!".
É isso aí. Somos incompreensíveis, imprevisíveis, intrigantes, apaixonantes. Pena que alguns acordam em certos dias com vontade de matar ou machucar os outros, e acabam não controlando isso. 
Mas não dá para forçar uma sensação, podemos é aceitá-las e aproveitá-las dentro do possível. Podemos também tentar mudá-las, caso estejam atrapalhando ou incomodando (ou sejam ligadas àquela vontade horrível citada ali acima), mas só vai dar para saber se a tentativa de mudança funcionou, quando a mudança se concretizar. Se estou alegre, devo aproveitar esses momentos, realmente curtir a alegria. Se estou triste, aceito o momento e faço algo para me alegrar. Eu agora, por exemplo, estou aqui curtindo uma saudade de casa. E que veio do nada. Estava aqui no meu quarto e de repente pensei na mãe, no pessoal da família e simplesmente fiquei com saudade. Se não fosse tão tarde eu até teria ligado pra eles. O jeito então é curtir essa saudade que é boa, porque estou aqui pensando neles.
Mas isso é o agora. Vai saber como vou acordar amanhã...

Acho que por hora era isso gurizada!

Até a próxima viagem pelo mundo louco de Mr. Gomelli!

Forte abraço!

domingo, 4 de julho de 2010

Copa do Mundo

Ah a Copa do Mundo! Que espetáculo não é mesmo? Uma competição que mexe com o planeta e não só com o planeta da bola. Acho que a maior parte das pessoas se envolvem nessa misturança de emoções que se transforma cada partida, cada lance. Até mesmo quem não gosta muito de assistir a uma partida de futebol, acaba se entusiasmando na época da Copa. Sábado eu tive uma prova disso.
Eu procurava um lugar onde pudesse cortar o cabelo. Tinha decidido que chegava ao fim a era da cabeleira. hehe. Então achei um lugar que parecia ser bem organizado e entrei. Normalmente estes lugares, chamados de Salão, são recintos dominados pelas mulheres. E ali não era diferente.
Além de mim, tinha alguns outros homens esperando para cortar o cabelo, mas a maior parte das pessoas, tanto funcionários, quanto clientes, eram mulheres. E o assunto? Era apenas um: Copa do Mundo. E não eram os homens não. Eram as mulheres que discutiam arduamente as eliminações de Brasil e Argentina, além de fazer projeções do tipo: "ah, eu acho que a Alemanha vai ganhar!". "Olha lá, quase gol da Espanha". "eu to torcendo pra Espanha ganhar a Copa!" Coisas do tipo, muito típicas em rodas de conversas de homens. Mas isso é copa do Mundo.
E essa competição tem essa capacidade de agregar a todos e eu acho legal isso. Tem gente que reclama que só existe patriotismo na Copa, de quatro em quatro anos. Eu não concordo. O brasileiro é patriota sim, várias vezes. O problema é que quando realmente precisa, na hora de cobrar os governantes ou de votar, isso acaba se perdendo.
Mas voltemos a falar de Copa do Mundo. Estão definidas as semifinais da competição. E como foi eletrizante a decisão dos quatro semifinalistas.

Holanda x Brasil

O jogo que abriu as quartas de final foi um duro golpe na torcida brasileira. Todos na esperança e na expectativa pelo hexa. Mas o que vimos foi nossa seleção entregar a classificação com um nervosismo típico de um juvenil que treina pela primeira vez entre os profissionais de seu clube. Depois de um 1º tempo muito bom, onde a Seleção Canarinho poderia ter liquidado a "fatura", o time simplesmente se entregou na 2ª etapa. Mesmo antes do 1º gol holandês deu para perceber que o time não tinha a mesma pegada. Aí vieram as falhas individuais, os gol adversários e o descontrole de Felipe Melo. Dunga ainda tentou mudar a quadro desfavorável. Mas aí foi punido por ele mesmo, que deixou de fora jogadores que poderiam mudar a história de uma partida como aquela. Agora é assistir de casa, outros times disputando a Taça FIFA. E a Holanda não é tudo isso não. Time previsível. O Brasil tinha obrigação de ter passado. Na foto os jogadores do Brasil assistem a bola entrando após cabeçada de Sneijder. Era o 2º gol holandês. (Foto: Pierre Philippe-Marcou,AFP)

Uruguai x Gana

Fantástico! Eletrizante! Emocionante! São todos adjetivos fieis a tudo que aconteceu no duelo entre uruguaios e ganeses. Uma partida que deve ser gravada e utilizada em todas as escolhinhas de formação de jogadores do mundo. A entrega de atletas das duas equipes, a vontade, a raça, devem servir de exemplos para o mundo todo. Tanto no futebol, como para qualquer outra atividade. Independente de quem avançasse, os dois times estavam de parabéns. E quis o destino que fosse daquela forma digna de filme. Com penalti no último minuto da prorrogação para Gana, com Gyan chutando na trave e com "El  Loko" Abreu cobrando a última penalidade na decisão por penaltis, classificando a Celeste Olímpica para a semifinal. Lugar, aliás, onde não chegava há 40 anos, ou seja, há nove Copas. Na foto Luís Suárez coloca a mão na bola para evitar o gol de Gana no último lance da prorrogação. (Foto: AFP)

Argentina x Alemanha

Eu comentei desde o começo da Copa. "Esse time da Argentina é fraco". Mas o pessoal me contrariava, dizendo que era favoritaça ao título. Eu respondia: "É fraco. Defesa horrível. Quando enfrentar um time que saiba se defender e tenha ataque forte, eles perdem". E foi o que aconteceu. Na primeira vez que enfrentou um time bem organizado, com uma defesa muito boa e ataque eficiente, a Seleção argentina acabou dando vexame. A Alemanha passeou, humilhou e acho que ficou até com pena de fazer mais, pois se tivesse forçado, teria feito 5, 6... Dom Diego acordou do sonho  que viveu e volta para casa com Messe e Cia. A Alemanha, mais embalada do que nunca, com uma equipe muito veloz e habilidosa, está credenciada ao título. E na minha opinião, o duelo de quarta-feira, entre Alemanha e Espanha é a final antecipada da Copa do Mundo da África do Sul. Na foto o atacante Klose corre para comemorar um de seus dois gols na goleada. (Foto: Pierre Philippe-Marcou,AFP)

Espanha x Paraguai

O duelo que encerrou a fase de quartas de final foi muito parecido com Uruguai x Gana. Tanto espanhóis quanto paraguaios jogaram com muita raça e entrega. Os espanhóis não esperavam tanta dificuldade, com uma Seleção paraguaia marcando de forma eficiente o ponto forte da Espanha: A troca de passes. O time do Paraguai marcou a saída de bola e fez um duelo de igual para igual. Foi um jogo bonito e com roteiro que também parecia vindo de Hollywood. Primeiro penalti para o Paraguai. Cardozo bateu e Casillas pegou. Dois minutos depois, penalti para Espanha. Xabi Alonso bateu e marcou. O árbitro mandou voltar e na 2ª cobrança melhor para Villar, que fez grande defesa. Quando o jogo se encaminhava para a prorrogação, Iniesta, um dos principais jogadores da "Fúria", fez grande jogada e tocou para Pedro. O jovem atacante chutou e a bola bateu na trave. No rebote, Villa chutou, a bola bateu na trave esquerda, percorreu toda a extensão do gol sobre a linha e foi bater na trave direita, ultrapassando lentamente a linha do gol. Alegria dos Espanhóis que chegam pela 1ª vez em uma semifinal de Copa. Aos paraguaios, restou o choro da derrota, mas a certeza de ter enfrentado um grande adversário e de ter feito o possível. Menos para Cardozo, que parecia inconsolável após o jogo, em uma das cenas mais emocionantes deste mundial. Na foto Villa corre para comemorar o gol da classificação. (Foto: Juan Mabromata, AFP)

Agora vamos aguardar as próximas emoções. E com certeza elas irão ser fortes. É semifinal de Copa. Vale uma vaga na final. Holandeses, uruguaios, alemães e espanhóis estão a dois passos do título. Torço para que honrem o lugar onde estão e joguem com raça. E no final, que vença o melhor. Se puder ser o Uruguai, melhor, falou um coração que pende para a proximidade do solo uruguaio com a terra natal.

Um forte abraço a todos e até a próxima.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Um belo dia... - A confusão nela (2/7)

- Oiii mããe! - diz Julia chegando na cozinha de casa onde Dona Vera prepara o jantar. No rosto, um sorriso que deixa a mãe intrigada.

- Oii minha filha. Por onde andavas? Demorou na rua hein!

- Ah mãe, tava andando pela cidade, matando a saudade .

Aquele ar extremamente alegre deixa Dona Vera cada vez mais encucada.

- É mesmo? E essa alegria toda aí? Viu passarinho verde foi?

- Mãããe... - ela fala tão alto que assusta Dona Vera, que deixa cair a cebola e a faca que tinha em suas mãos. Ela junta e olha para Julia.

- Que que foi menina?

- Nem sabe quem eu encontrei...

- Ih, já vi que não foi passarinho verde nenhum. Foi é assombração, isso sim. - O descontentamento da mãe é visível.

- Ai mãe, não fala assim. Eu encontrei o Raafa. - Ela não consegue disfarçar o sorriso, a alegria, a euforia.

- Viu, falei que era assombração. Mas nem te anima que ele tá noivo agora viu. - Dona Vera é fria e o "aviso" parece um sopro de realidade que troca o sorriso pela expressão triste no rosto de Julia.

- Eu sei. Eu vi a aliança na mão dele. - Aquela lágrima teimosa volta a se soltar e ela sai da cozinha: Vou pro meu quarto um pouco.

- JULIA! - o chamado da mãe é em tom sério e a sequência ainda mais. - Não vai fica chorando por bobagem hein.

- Eu sei mãe, eu sei... - diz ela já saindo e sabendo que na verdade não sabe.

O trajeto até o quarto é vencido rapidamente. Tão rápido quanto as lágrimas. Ao fechar a porta, o que era uma lágrima apenas, já havia se transformado em um choro compulsivo e ela só pensa em tudo que está acontecendo. (Será que eu fiz certo ao voltar? Mas porque não? Eu não voltei por causa dele mesmo. Eu voltei porque eu tinha que voltar. Na verdade eu nem gosto mais dele. É, isso mesmo, só to assim porque não esperava encontrar com ele tão cedo. Foi muito repentino, por isso que eu to assim).

Ao mesmo tempo que ia tentando mentir para si, ela revia a cena que ocorreu mais cedo no café e involuntariamente ia sorrindo, como se estivesse novamente de frente para Rafael. Tentava conter o sorriso, tentava conter aquele sentimento que se apossava do seu corpo, tentava chorar, tentava negar. (Eu não posso ficar pensando nele. Eu vim pra estudar. Julia, para de bobagem), pensava ainda tentando se convencer de que aquilo não era certo.

Estava tão perdida em seus pensamentos que nem ouviu quando seu pai entrou no quarto. Já não conseguia mais negar. Sorria sozinha. Foi quando um toque no braço fez ela voltar à realidade.

- Que você tanto ri aí menina? Vem jantar logo, senão a comida vai esfriar.

- Oi pai, nem tinha visto você aí. To indo já. - concorda Julia, levantando da cama e seguindo o pai rumo à sala de jantar. Na sua face, as lágrimas deram lugar novamente ao sorriso...




CONTINUA...