domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal: tempo de paz! (hahahahaha) *

Com um copo de cerveja pela metade na mão esquerda, Gilberto levou a mão direita até o botão de pause e deixou o local em silêncio. A interrupção da música fez os familiares olharem de súbito em direção ao som. Uns tinham um semblante de espanto e surpresa, outro, já tão "altos" como Gilberto, apenas riam da situação e falavam qualquer besteira. O relógio marcava 1h05min da manhã.

Passados alguns segundos, ele começou, com a fala enrolada, típica de quem já bebeu mais do que devia. Mesmo assim, saiu-se bem no discurso. E não poderia ser diferente. Gilberto sempre fora muito bom com as palavras.

- Desculpa atrapalhar a festa pessoal, mas acho importante salientarmos esse momento. - disse ele para tomar mais um gole de cerveja e depois continuar.

- O Natal é um momento de reflexão para todos nós e nada melhor que passarmos esse momento ao lado da nossa família, das pessoas que amamos e que são as mais importantes para nós. Que esse Natal represente o começo de um ciclo de paz para todos nós e para toda a humanidade. Natal para mim é sinônimo de paz... e é isso que eu desejo. Paz nos nossos corações. Feliz Natal a todos! - concluiu.

Os familiares foram a loucura com o discurso. Os mais exaltados gritavam e batiam palmas. Uns se abraçavam, outros iam até Gilberto parabenizá-lo pelas belas palavras, enquanto outros, mais emocionados, deixavam escapar algumas lágrimas.

A esposa de Gilberto, Aline, foi até o marido e o abraçou. Ela era uma das que haviam chorado com o discurso. Logo Leandro e Julia, filhos do casal, estavam juntos no abraço coletivo. A família demonstrava uma união típica do espírito familiar, o local todo estava tomado pelo espírito natalino e assim seguiu a festa.

Por volta das 2h da manhã, Gilberto pediu à esposa que pegasse mais uma cerveja para ele. A mulher, ainda contente pelas palavras do marido, foi sem pestanejar, mas no caminho de volta, acabou tropeçando e na tentativa de se equilibrar novamente deixou cair a garrafa de cerveja, que se espatifou no chão.

Irritado com a situação, o homem foi até a esposa e desferiu um tapa com a mão direita, acertando em cheio o rosto da mulher.

- Sua incompetente. Não sabe fazer nada direito. Olha aí o que tu fez...

Indignado com a situação, um dos irmãos de Gilberto, com o qual já havia tido algumas brigas inclusive, foi para cima do homem e os dois logo entraram em batalha, rolando pelo chão do salão como dois animais. Era socos e pontapés para todos os lados. Uns tentavam apartar a briga, outros consolavam Aline, que chorava copiosamente após ser agredida MAIS UMA VEZ pelo marido, enquanto outros apenas olhavam a cena com expressão de surpresa e espanto.

Logo a briga havia sido apartada e a festa chegava ao fim. Ainda enfurecido Gilberto pegou a chave do carro e saiu batendo as portas da casa do sogro, onde a família se reunia todos os anos. Deixou a esposa e os filhos para trás.

De dentro de casa só deu para ouvir o barulho do motor do carro, que em alta velocidade, avançava pela rua.

Enfurecido e alcoolizado, o homem não se preocupava com a velocidade. Pisava o mais fundo que podia no acelerador e avançava sinais vermelhos sem se preocupar com a possibilidade de um acidente.

Ao fazer uma curva, porém, acabou invadindo a pista contrária e batendo de frente em outro carro. No outro automóvel, estavam um casal  e seus filhos de 7 e 4 anos, e um bebê de 8 meses, que voltavam de uma confraternização de natal. Todos mortos com a colisão.

Gilberto, porém, como em um "milagre de natal", ficou com algumas lesões, mas sobreviveu para continuar sendo ótimo com as palavras, mas péssimo em suas ações.

* O título original desse texto seria "Natal: o ápice da hipocrisia"

11 comentários:

  1. É triste, mas é um retrato dos pronto socorros nos natais e reveillons todos os anos... Triste...
    Adorei o fim, muito bem escrito =) Pena que o texto é muito depressivo.

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  2. Ahh, e ainda acho que tu precisas te casar =P

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  3. Depressivo, mas real né... as pessoas adoram falar como se fossem santos e agem bem ao contrário disso...

    ou ainda, chega essa época ficam cheios de frases bonitas, mas passam o ano inteiro fazendo bobagem e tratando as pessoas mal.

    aí a hipocrisia reina nessa época do ano... ¬¬

    e não entendi muito bem o porquê de eu precisar casar... ashuahsuhauhsa...

    bjo July July... e cuide bem da MJ... ok!?! =)

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  4. É amigo! Palavras bonitas, paz, amor, fraternidade... Mas, no final a história se faz contrário em muitas famílias. Você disse bem: "A hipocrisia reina nessa época do ano". Infelizmente! (Histórias de vida).
    Beijo amigo, um belo dia p ti.

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  5. Oi Débora... bom te receber por aqui novamente! =)

    Pois é, é aquela velha história neh... falar sempre é mais fácil que agir conforme o que a gente fala...

    e realmente, essa época é cheia de frases feitas, clichês e muita hipocrisia... as pessoas confundem tudo... eu acabei "me desligando" do natal por essas e outras... hehe

    acontece...

    no mais, valeu pela visita e pelo comentário...

    bjo bjo! =)

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  6. Pelo visto esta tua brincadeira com as letras vai longe.
    Nos vemos lá na frente então.

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  7. Opa;... valeu pela visita Luciano... bom te ver de volta à blogosfera...hehehe

    abraçoo! o/

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  8. mas que mulher bocaberta, deixar a garrafa cair no chão! humpf! líquido desses não pode ser desperdiçao assim, a toa....
    auhauhau
    abraço maluco!

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  9. hahaha... tá louco manolo... hahaha

    valeu pela visita! o/

    Abraço!

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  10. Verdade, Mr. Gomelli, é na época do Natal que a gente vê o ápice da hipocrisia. Muito bom o seu texto que mostra o que acontece exatamente na realidade. O falar bem e bonito deveria ser assim de fato se antes já se age bem e bonito de acordo com o que é dito. Se alguém age mal e fala bonito, não dá para dar crédito a esse alguém. As pessoas não mudam de uma hora para outra.

    Valeu, Mr. Gomelli!

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  11. Oi Lu... pois é... e é o que mais tem por aí neh... discursos bonitos, cheios de boa vontade, mas ações totalmente contrárias às palavras...

    é uma pena...

    Valeu pela visita, moça!

    Abração! =)

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