quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Eu vou morrer, doutor?"

Heitor estava assustado, suava frio e quase não tinha mais unhas para roer. O nervosismo chamava a atenção das demais pessoas naquela sala de espera do consultório médico. A secretária, notando o estado do homem ofereceu-lhe um copo de água, que foi rapidamente recusado. Heitor não queria água, não queria nada, só conseguia pensar na resposta dos exames.

- Não se preocupe, o doutor Orlando logo irá lhe atender. - falou a moça tentando acalmá-lo.

Heitor olhou para ela. Uma jovem muito bonita, de cabelos negros, até o meio das costas. Lábios fartos, assim como outros atributos físicos. Vestia uma blusa branca, perfeitamente adequada ao seu corpo, com uma saia nem tão curta que parecesse vulgar, nem tão longa que cobrisse demais aquele belo par de pernas. O homem olhou para aquela bela jovem e lembrou  que talvez nunca mais poderia ter uma mulher em seus braços. Aquele pensamento só aumentou seu nervosismo. Era jovem demais, pensava ele, para morrer.

Em poucos minutos ele estava sendo chamado. Levantou-se abruptamente e irrompeu à sala onde o médico o aguardava. Não sentou, não cumprimentou o senhor de cabelos brancos a sua frente que gentilmente lhe estendeu a mão. Queria saber logo a resposta. Não aguentava mais esperar.

- Eu vou morrer, doutor? - perguntou em voz alta.

O médico, compreensível com a apreensão do rapaz, tentou acalmá-lo. Ofereceu-lhe a cadeira, onde Heitor, relutante, sentou para ouvir a notícia que tanto aguardava.

- Eu preciso que o senhor se acalme, seu Heitor. Realmente a notícia que eu tenho para você, não é muito boa. - Falou o médico pausadamente, medindo as palavras na tentativa de não piorar o quadro.

- Eu sabia, eu sabia... ai meu Deus...eu não acredito nisso... não acredito... - o homem agora gritava em meio a soluços. O choro foi instantâneo.

- As minhas suspeitas se confirmaram com os exames. Infelizmente o senhor procurou ajuda um pouco tarde demais e a sua doença chegou a um nível muito avançado. O quadro ainda não é totalmente irreversível e vamos fazer o possível para reverter isso. Mas é preciso que o senhor mantenha a sua esperança. - continuou o médico, tentando acalmar o jovem que chorava como uma criança a sua frente.

Heitor sabia que havia demorado muito para buscar ajuda. No começo, achou que aquela dorzinha fosse logo passar, que fosse apenas uma lesão por algum movimento feito de mau jeito. Depois, com a insistência do problema, recorreu a remédios indicados por amigos e parentes, mas a dor só aumentava.

Chegou a um ponto que não aguentava mais. E foi aí, que recorreu a uma opinião especializada. Quando foi ao médico ficou aterrorizado com o que ouvira. Todas as possíveis causas daquela dor eram terríveis. Fez os exames indicados e viveu dias de angustia até ouvir o diagnóstico. Nutria, dentro de si, uma pequena esperança de que não fosse nada muito sério, mas o medo de que fosse algo mais grave, transformou a vida dele em um verdadeiro tormento.

Agora, quando finalmente ouvira a resposta, não sabia o que fazer. Sentia como se o mundo a sua volta estivesse parado. Estava cada vez mais certo que iria morrer. Pensou em tudo que lembrava da sua vida. Desde os tombos de bicicleta ainda na infância, aos primeiros namoricos na adolescência. Lembrou de Joana, com quem havia perdido a virgindade. Menina com quem namorou por alguns meses. Pensou na família e no sonho de ser pai. Foi quando voltou à realidade com o telefone que tocava a sua frente.

O médico, sabendo da delicadeza do problema, tratou logo de orientar o rapaz e em poucas horas Heitor estava internado em um hospital da cidade, dando início ao tratamento.

Naquela noite, Heitor finalmente conseguiu dormir um pouco. O início do tratamento e a esperança de que tudo não passaria de um susto, fez com que ele ficasse um pouco mais aliviado. Isso tudo, aliado ao efeito dos remédios, fez com que pela primeira vez em alguns dias, ele dormisse um sono constante.

Foi a última vez, porém.

Algumas horas depois, durante a madrugada, Heitor morreu.

Realmente era tarde demais!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Rock in Rio que eu vi!

Nos dois últimos finais de semana um dos maiores festivais de música do mundo voltou a ser realizado no local onde surgiu. Estou falando, obviamente, do Rock in Rio, que levou milhares de pessoas à "Cidade do Rock", no Rio de Janeiro. O evento foi talvez o assunto mais comentado no país nos últimos dias e vários aspectos desta edição chamaram a minha atenção.

Foi legal ver a volta do festival ao Rio de Janeiro. Afinal, não fazia muito sentido levar a cidade no nome e ser realizado fora do país. Mas por outro lado, outro aspecto do nome, o que se refere ao estilo do festival, foi "violentado". Afinal, de Rock mesmo, o Rock in Rio teve pouca coisa, pelo menos no palco principal! Ficou muito mais para o Pop, do que para o Rock propriamente dito. Sem contar que algumas apresentações não fizeram o menor sentido, como os shows das baianas Ivete Sangalo e Cláudia Leite.

A justificativa para isso é a mesma usada para justificar a realização do festival em outros locais, que não o Rio de Janeiro. O Rock in Rio deixou, há muito tempo, de ser apenas um festival, para se transformar em uma marca, muito forte por sinal. Prova disso foi a quantidade de gente que atraiu nos sete dias em que se realizou (estima-se que mais de 700 mil pessoas).

Mas mesmo assim, acho meio sem fundamento colocar um show de Axé em um evento como esse. Até porque, os músicos de Axé já têm uma festa popular toda para eles, que é o Carnaval, onde o estilo reina paralelamente ao Samba, ao Funk e outros...

É plausível, até certo ponto, fazer um evento mais eclético, até mesmo para atrair um público maior, já que o festival não deixa de ser um produto. Porém, o palco principal deveria ser reservado exclusivamente para as atrações do gênero musical que dá nome ao evento, deixando os outros espaços, como o palco Sunset, aberto para a mistura de ritmos.

Como não foi isso que aconteceu, tivemos muita coisa que não tinha nada a ver com o evento. Além dos exemplos já citados, é possível lembrar ainda Shakira, Rihanna, Katy Perry, Ke$ha, Marcelo D2, entre outros. Por outro lado, no palco Sunset, uma espécie de palco secundário, apresentaram-se as duas bandas mais importantes do Heavy Metal nacional, na atualidade: Sepultura e Angra. Local e estrutura que não ficou compatível com a importância de ambas e com a legião de fãs que atraem.

Aliás, mudando um pouco o rumo da conversa, começo a destacar os pontos positivos do evento na minha humilde opinião. A participação da musa do Heavy Metal, a finlandesa Tarja Turunen, no show do Angra está entre eles, mesmo que a parte técnica, precária, tenha estragado a apresentação.

O rock nacional esteve bem representado no palco principal, a começar pelo show de abertura, com Paralamas do Sucesso e Titãs. Vale ainda destacar as participações de Skank, Jota Quest, Capital Inicial, Frejat, Detonautas e, fechando com chave de ouro a participação da música brasileira no festival, a cantora Pitty (que na minha humilde opinião é linda e maravilhosa...hehehe).

Os shows mais marcantes ficaram mesmo por conta das grandes atrações da música internacional. Ainda no primeiro final de semana foi a vez do Red Hot Chili Peppers. A apresentação de Stevie Wonder, na quinta-feira (4º dia do festival), também merece destaque, assim como System of a Donw, no último dia de Rock in Rio.

A apresentação do Guns N'Roses e do sempre polêmico Axl Rose foi especial. Não tanto pela performance do vocalista, que realmente deixou a desejar em alguns aspectos, mas pelo momento de ver uma das maiores bandas de rock do mundo, com um vocalista que tem seu nome marcado na história da música, se apresentando em solo brasileiro. O Guns e Axl não são mais o que eram há 20 anos, mas a apresentação continua emocionando com seus clássicos como "November Rain", "Sweet Child O' Mine", "Welcome To The Jungle", entre outros.

Entre todas as atrações do Rock in Rio 2011, eu destaco dois shows como os melhores. Em 2º lugar o show do Metallica, encerrando o 1º final de semana. Foi perfeito! A banda é lendária, os sucessos estavam todos lá, o público muito empolgado e a apresentação foi ótima.

Agora, o melhor de todos, o show que realmente me impressionou em todos os aspectos, foi o do Coldplay. A banda britânica esteve perfeita. Eu, que não era grande fã do trabalho do grupo, fiquei positivamente surpreso. 

A presença de palco dos caras é sensacional, principalmente do seu vocalista Chris Martin. Ele deitou, pulou, correu, pichou um "Rio" com um coração no lugar do "o", em um painel do palco, falou português, ou seja, esbanjou carisma. E musicalmente também não deixou por menos. A apresentação foi perfeita e empolgou muito o público presente, principalmente com sucessos como "Yellow", "The Scientist", "Clocks" e "Viva La Vida".

Enfim, apesar de não ter achado o evento perfeito, acho que tivemos muitas coisas boas, que merecem ser elogiadas. Foi legal ver, mesmo que de longe, shows de grandes nomes da música. Quem sabe em 2013, quando o evento volta a acontecer no Rio de Janeiro, eu possa me aventurar pela Cidade do Rock e viver esse festival de pertinho, com todas as emoções que ele pode proporcionar.

Enquanto isso, vou ficar por aqui ouvindo mais um pouquinho de Coldplay. Até a próxima! o/

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sonhos matemáticos!

Dizem, os entendidos em concursos públicos, que para se obter sucesso em um processo desses, é preciso estudar até 12 horas por dia. Como se todos pudéssemos dedicar um tempo tão longo somente aos estudos né. Mas mesmo assim, é o que recomendam.

Pois eu tenho mantido uma média próxima dessa. Quando consigo vencer o sono e sair cedo da cama, acabo completando cerca de 10 horas de estudos por dia, seja lendo as apostilas ou resolvendo exercícios das mais variadas matérias que preciso estudar. Aí eu penso. Se eu, que estou com muito tempo ocioso, não consigo chegar às 12 horas diárias, como alguém que tenha que cumprir horário de trabalho pode conseguir? Ou o cara não dorme ou ele estuda enquanto dorme. Como isso? Pois aí que está. Eu consegui essa proeza alguns dias atrás...e foi engraçado...hehehe. Deixe-me explicar melhor.

Na última terça-feira era feriado aqui no estado, 20 de setembro, feriado Farroupilha (quem não é do estado e não sabe o que significa, sugiro uma breve pesquisa na internet). Pois bem, por se tratar de um dia "diferente", resolvi tirar uma folga dos estudos e dormir até mais tarde. Acordei próximo do meio dia, fiz algo para comer e depois de almoçar, bateu aquela preguiça e aquele soninho, que tradicionalmente chega depois do almoço, pelo menos para mim. Mesmo tomado pela culpa, acabei cedendo aos apelos do sono e resolvi tirar mais um cochilo.

Mas ao deitar para sestear, fui pensando "não posso dormir muito, tenho que retomar os exercícios de matemática...". E assim eu me deitei, coloquei o celular para despertar uma hora depois, e pensando nos problemas que não tinha conseguido resolver, peguei no sono. E foi aí que tudo aconteceu... hahaha.

De tanto pensar nos problemas matemáticos antes de dormir, durante o sono, eu sonhei, obviamente, com os exercícios de matemática. E não é que no sonho eu conseguia resolver as questões e chegar ao resultado certo!?!?!

Uma hora depois, o celular começou a "gritar", eu acordei com o sonho ainda vivo nas ideias e fui reto à apostila e ao caderno e passei o que tinha visto no sonho para o papel. E voilà (ou se tu quiser aportuguesar: "vualá"). Eis que encontrei a resposta de dois problemas que não tinha jeito de resolver antes do sono.

Foi uma sensação estranha, porque eu literalmente resolvi dois exercícios dormindo... hahahaha... mas depois disso eu cheguei à conclusão: a melhor forma de chegar às 12 horas recomendadas é estudando acordado e também enquanto se está dormindo, visto que pelo jeito isso é possível né... hehehe.

Bom, por hoje era isso... até a próxima viagem louca pela mente perturbada de Mr. Gomelli. Até lá! o/ =)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Lá se foram seis anos...

Lá se foram seis anos
Era só mais uma noite de setembro
Ninguém imaginava te perder

Volta e meia eu sonho contigo
E tudo parece tão verdadeiro
É um abraço, uma bronca ou carinho
Mas logo acordo, é tudo tão ligeiro

Falaram que tudo ia ficar bem
Mesmo sem você aqui
Mas não é o que vejo
Não foi só tu que perdi

Foi e levou contigo um elo
Aquilo que nos unia
Agora isso não existe mais
Nem dá pra chamar de família

Falaram que a dor ia passar
Que com o tempo ia melhorar
Lá se foram seis anos
E a saudade só faz aumentar

Hoje eu escrevo esses versos
Penso em ti e começo a chorar
Será que tu pode me ouvir!?!
Vó, pra sempre vou te amar!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Divagando...

Gostar de alguém é bom.
É ótimo na verdade.
Mas por que gostar de alguém
que nem parece realidade?

Aquele abraço bom
Aquele cheiro, carinho
Isso tudo é fictício
Tem a distância no caminho

É um obstáculo imenso
Entre os meus braços
E o teu corpo
Entre eu e os teus beijos

Pára, razão!
Não consigo mais.
Preciso ouvir o coração
Tá na hora de ir atrás

Quilômetros e quilômetros
Por abraços e abraços
Uma equação ou uma troca?
Se eu tentar, vira uma aposta?

Mas e se eu perder
Quem vai ganhar?
E se eu ganhar?
Alguém vai perder?

Perguntas sem respostas
Pelo menos por enquanto
Quem sabe um dia me decido
E vou ao teu encontro.