Para quem não sabe, no dia 7 de novembro, o ex-beatle Paul McCartney esteve em Porto Alegre para uma das apresentações de sua turnê em solo brasileiro. E como era de se esperar, foi uma apresentação apoteótica, sensacional, a altura da história de Paul no mundo da música.
Mas este que vos escreve não teve o prazer de estar lá e para elucidar um pouco mais, como foi a emoção de viver aquelas horas vendo de perto um ícone da música, eu trago para vocês o texto de uma colega de trabalho. Ela teve a honra de estar no Beira-Rio e aplaudir de perto ao espetáculo proporcionado por Paul McCartney e o relato é emocionante. Quando eu li o texto, que foi publicado no Jornal das Missões (onde trabalhamos), fiquei imaginando como deve ter sido a emoção que ela passou. Ela relata no texto tudo que os Beatles representaram e ainda representam para a vida dela, assim como acontece com milhões de outras pessoas.
Mas este que vos escreve não teve o prazer de estar lá e para elucidar um pouco mais, como foi a emoção de viver aquelas horas vendo de perto um ícone da música, eu trago para vocês o texto de uma colega de trabalho. Ela teve a honra de estar no Beira-Rio e aplaudir de perto ao espetáculo proporcionado por Paul McCartney e o relato é emocionante. Quando eu li o texto, que foi publicado no Jornal das Missões (onde trabalhamos), fiquei imaginando como deve ter sido a emoção que ela passou. Ela relata no texto tudo que os Beatles representaram e ainda representam para a vida dela, assim como acontece com milhões de outras pessoas.
Além do relato em si, que é emocionante, achei excelente o texto pela importância que Paul tem para a música, uma arte que, na minha opinião, está sendo degradada por "Restarts" e "Tatis Quebra Barracos" da vida, que muita gente chama de música, mas que na minha opinião não passam de ruídos.
Então, com a permissão dela, deixo aqui para vocês o texto da minha colega de trabalho, jornalista Gilda Gonçalves Karlinski. Emocionem-se. =)
Eu fui
Por Gilda Gonçalves Karlinski - Jornalista
Impossível afirmar que era um sonho, porque a gente jamais imaginou que eles viessem. Devo começar dizendo que não fui a Porto Alegre (enfrentei solaço na fila, faltei ao trabalho) para ver Paul McCartney. Fui ao Gigante (sou Gremista) para ver The Beatles. E eles estavam lá.
A ficha ainda não caiu e acho que só vai cair quando eu folhear o álbum que estou montando com recortes de jornais que antecederam o show, o ingresso, fotos desde a chegada no estádio, reportagens pós-show, a fitinha "hyppie" que amarrei na testa, o lencinho que ensopei de lágrimas. Este tipo de álbum a gente fazia na adolescência e até os 17 anos. E o Paul, encarnando os quatro de Liverpool me fez começar outra vez. Os filhos entendem, porque cresceram me ouvindo cantar All you need is love, Let it be, Yesterday. O álbum, já combinamos, vai ser mostrado e explicado para os netos.
Eu morava em São Chico de Assis. Não tinha TV, muito pouca revista na banca pobre da praça, nem loja de discos. Era o rádio e a chegada, no verão, dos primos que moravam em Porto Alegre. A gente ficava junto todo mês de janeiro. Depois, vinham o carnaval e a praia e todos se dispersavam.O momento de abertura da mala dos primos, era mágico. A gente ficava extasiado diante da capa do último LP "deles". E então, o verão inteiro era pura emoção cujas lembranças nos embalavam o resto do ano. Até o próximo janeiro.
Nossa casa tinha uma quarto grandão separado da casa principal. Era o nosso acampamento de férias. Toca-discos elétrico com toda a coleção dos Beatles que formamos pouco a pouco, baralho de truco, futebol de botão e a turma ali reunida.
Companheiraça que entendia os amores platônicos de todos nós, orientava, cuidava e fazia chazinho para os primos e amigos, minha mãe cozinhava o verão inteiro cantando Yesterday, Michelle e outros hits sem saber absolutamente nada do que dizia. Decorava as músicas que a gente ouvia o dia inteiro no quarto-acampamento. No resto do ano, toca-discos e Beatles só aos domingos. Afinal, primeiro a obrigação (estudar, dormir cedo, estudar), depois a diversão. OK, dona Edy! Ela sofreu conosco quando a banda se desfez. Toda a turma concordou que a culpada era a japonesinha. E a partir dali, passamos a o-di-ar Yoko Ono. Mas o Lennon continuou cada vez mais como referência. Cada nova causa que ele abraçava, a gente vibrava junto. Além da cabeleira, muitos dos guris aderiram aos óculos redondinhos.
Quando a mãe soube que eu iria ao show, tenho certeza que voltou quarenta anos atrás.
E então eu comprei a fitinha para colocar na testa; comprei a camiseta que diz "Eu fui", peguei cinco lencinhos com o autógrafo do Paul, fiz horrores de fotos e gritei muito: "Eu estou aqui; Eu vim; Beatles forever, I love you. Perdi a noção da minha certidão de nascimento. Ensopei o ombro do meu irmão Marco Antônio e ele ensopou o meu ombro com todas as lágrimas na hora de Let it be e de novo com Eleanor Rigby. E de novo por Hey Jude.E ficamos assim, abraçados, sem precisar dizer uma palavra sequer. A mulher dele, a Beth, deu espaço porque também viveu tudo isso. Meu filho compreendeu e deu batidinhas de apoio no meu ombro. E ainda se prestou para fazer fotos. E durante quase três horas, eu não senti sede, não tive fome, não fui ao banheiro. Via aquele mar de gente nas arquibancadas e no gramado, com as mãos levantadas num ritmo que acompanhava o piano, a guitarra, o baixo, a bateria. E todos os quatro estavam lá. Eu não enxergava direitinho o rosto do John, do Ringo e do George, porque a gente ficou na arquibancada, bem em frente, mas longe do palco. Tinha milhares de pessoas no gramado, entre nós e o palco. No telão, eu só enxergava o Paul, porque os organizadores escolheram um telão muito estreito. Mas os quatro estavam no palco. Os quatro de Liverpool. E eu tinha 16, 17, 18 anos.
Os primos de Porto Alegre também estavam no Beira-Rio. Mas nem imagino de que lado.
E eu quero agradecer. À milha filha Ângela pelo patrocínio do show; ao meu genro Victor pela correria e o stress até conseguir o ingresso; à minha filha Giovana pela hospedagem e por suportar toda minha ansiedade pré-fila; ao meu filho Luiz por me acompanhar, me cuidar e aguentar o meu desejo compulsivo de comprar tudo: fitinha, camiseta, binóculo, picolés, água, almofadinha (só tinha do Inter!). Ao Paul, por ter cantado músicas que não são só dele. (Tudo bem que para mim faltou Across the universe and All you need is love. Mas eu lhe perdôo, Sir.) Ele pode até sofrer. Mas ele É os quatro de Liverpool. Quero agradecer ao meu marido Sergio por ter me aguentado quase um mês antes, TODAS as noites, entrar no youtube e ficar ouvindo The Beatles numa preparação espiritual para o momento mágico. Ele preferia ter ido ao Beira-Rio para ouvir Jayme Caetano Braun. Quero agradecer ao meu filho Francisco, por ter suportado não ir e se dedicar ao Trabalho de Conclusão de Curso. Afinal, primeiro a obrigação, depois a diversão.
E então: Don’t let me down, meus filhos. Guardem com carinho este álbum com recortes de jornais, lencinhos sujos de lágrimas que eu não vou lavar, o ingresso, as fotos, o papel do cachorro-quente. E contem para os filhos de vocês que a BOA música pode sim, embalar não apenas a adolescência e a juventude, mas a vida inteira de uma pessoa. E que a avó deles foi muito, muito, muito feliz por ter ouvido, ao vivo, os Beatles dizerem I love you...
muito bom relato...
ResponderExcluirMas Paul já morreu, aquele era um sósia...é o que dizem por aí
pow! eu li no jornal! show de bola!! bah, fiquei babando de vontade de ter ido! uahauhauha. abraço maluco!
ResponderExcluirpoha... morreu? mas que coisa de loko... hehehe
ResponderExcluirvai saber né... eu como nunca vi ele na minha vida, não posso dizer se é o sósia ou o verdadeiro... hehe
abraço ae Zaratustra! o/
pow manolo... tu não foi o único a ficar se babando pra ir no show...
ResponderExcluirmas faz parte né e o texto da dona Gilda mostra que deve ter valido a pena... hehe
abraço!
Morreu nada, ele estava aí ehhh.
ResponderExcluirLindo mas como eu nem ouvia, as musicas Inglesas me passaram ao lado, só isso.
Amei o relato de sua colega, nem pode, ela é super giraça pela forma como escreveu, minha nossa quanto de romântica ela tem... e como descreve lindamente as situações, os lugares do tempo que nem o tempo apagou dentro dela.
Lhe dê um abração enorme, por mim, porque amei ler a escrita dela e o carinho dos filhos e genro, maravilhoso e maravilhosa familia.. ehhh fiquei imaginando o lencinho das lágrimas, nunca me passou pela cabeça algo assim, mas a doideira pelos ídolos é terrivel e leva a emoções lindas.
Bonito post e seu Paul acho que hoje gosta de uns chopinhos bem alinhados e ...confidências de sua ex mulher que o deixou por maus tratos sob dependência do alcool... Vidas.
Um abraço da laura
Ora apareça para balançar na minha rede Brasileira.
ResponderExcluirUm beijinho da laura
Amei! Gosto muito dos Beatles e Paul também. O texto é incrível mesmo.Sabe não sei o que é ser fã de ninguém assim, acho que nunca vou saber, é coisa minha, por isso acho estranho ver relatos assim. Mas esse foi muito bonito, gostei.
ResponderExcluirAbraço querido Gomelli
Laurinha...realmente muito legal o relato dela... e é mesmo interessante essa relação ídolo-fã
ResponderExcluiro fã,quando é fã mesmo, tem essas emoções intensas... hehe...
desculpa o sumiço... e obrigado por lembrar de mim... hehe
abração moça! =)
Oi Marina... é, pior que eu também não sei exatamente como é ser tão fã de alguém...
ResponderExcluirmas é legal ver a forma como esse show, essa experiência, marcou pra ela.
Eu achei muito legal o texto, por isso trouxe pro blog... hehe
Abraço pra você também moça! E volte sempre! =)
Mr. Gomelli, dê os parabéns pelo emocionante texto à Gilda por mim. Assim como você e a Marina, não consigo ser uma super fã de alguém famoso. Apenas admiro algumas personalidades conhecidas. Não fico o tempo todo querendo saber sobre elas. Gostei do relato da Gilda, pois foi interessante saber como é o sentimento de uma fã. Parabéns pra você que soube valorizar e expor aqui o trabalho de sua colega. Um grande abraço da Lu!
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