segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pela vida!

Cada um tem sua história de vida e comigo não seria diferente. Sou filho de pais separados, com cada um morando em um local distinto. Minha família materna está localizada na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, enquanto a paterna está no Sul do estado. Pois bem. Não pense você que este texto é sobre a história da minha vida, pois eu sei que não seria interessante contar aqui. Isto, portanto, foi apenas uma introdução para que você possa entender a história que irei contar a seguir.
Como tenho família em dois locais diferentes, tenho feito o seguinte: passo o natal com meu pai e o reveillon com minha mãe. E assim estou fazendo mais uma vez este ano, tendo ido passar o natal e dias seguintes em Pelotas (sem piadinhas, por favor!) com minha família por parte de pai.
Tudo transcorreu normalmente e outros momentos da viagem talvez sejam relatados em textos a ser escritos em breve. Mas vou falar aqui de um acontecimento em especial, ocorrido na tarde de domingo, último dia de minha curta estadia na cidade.
Com o dia quente e ensolarado, almoçamos e fomos à praia. No carro estávamos eu, meu pai e dois irmãos. Um de 16 anos e a outra mais novinha, de apenas 5. A tarde foi muito boa, afinal, com o calor que fazia, nada melhor que a praia mesmo. Como precisava estar na rodoviária antes das 19h para pegar o ônibus de volta a Santo Ângelo, o passeio durou menos do que poderia e por volta das 17h30 já estávamos de volta à estrada. E foi justamente na volta para casa que ocorreu o fato que motivou este texto.
Com o grande movimento de carros, algo normal, qualquer incidente pode causar um grande congestionamento. E foi justamente o que aconteceu. Em determinado ponto do trajeto o trânsito simplesmente parou. Uma longa fila de carros se formou a nossa frente e meu pai logo falou: "Isso não é normal. deve ter acontecido alguma coisa lá na frente". Enquanto andávamos fomos esperando para ver o motivo de tal congestionamento. Foi quando avistamos as luzes das viaturas de polícia e concluímos, como esperado, que se tratava de um acidente.
Conforme nos aproximávamos, era possível avistar melhor a cena. Em um canto da pista, em sentido contrário, estava uma moto, bem destruída e rodeada de policiais rodoviários. Um pouco mais a frente, estendido no chão, coberto com um pano de cor marrom, um corpo. Ali estava a vítima de mais um acidente em nossas estradas. Logo acima do que seria a cabeça do indivíduo, estava colocado o capacete, que por certo não foi capaz de evitar a tragédia, dada a força do impacto.
Aquela cena me marcou. Não que nunca tenha visto algo do tipo, ou que não esteja ciente que na minha profissão isso tende a se tornar normal, mas aquilo marcou.
No momento veio um monte de pensamentos à mente. Olhei para o banco de trás tentando ver a reação de meus irmãos. E logo depois veio à cabeça a pergunta: Qual será a reação de uma mãe, um pai, um avô, um filho, uma namorada, enfim, de algum ente querido daquela pessoa ali no chão, ao tomar conhecimento do ocorrido?
Imagine você o sofrimento. A pessoa que pode ter saído de casa em busca de diversão, de uma tarde agradável a beira da Lagoa dos Patos, acabou encontrando no caminho a morte.
Mas de quem é a culpa? Neste caso, é difícil para mim tomar qualquer tipo de posicionamento, pois só vi o pós acidente. Não vi exatamente o que aconteceu. Mas tenho para mim que a maior culpada é a imprudência.
Naquele mesmo dia, na ida para a praia, eu e meu pai comentávamos, a cada motoqueiro que ultrapassava o carro, pela direita, pela esquerda, por onde desse, como eles ignoravam o risco que corriam, andando em alta velocidade e "costurando" o trânsito.
É isso que precisa ter um fim. Afinal, o que é mais importante: chegar primeiro ou chegar? As pessoas precisam deixar de lado esta necessidade maluca de andar com seus carros e motos, como se estivessem disputando uma prova de automobilismo. Não! Não estamos em nenhuma corrida maluca e para aqueles que pensam estar, normalmente o troféu tem sido este mesmo: a morte.
Chegamos ao ponto de achar normal o número de mortos em acidentes a cada final de semana, feriadão ou mesmo no dia-a-dia. E isso não pode ser considerado normal, pois assim estamos aceitando passivamente que mais vidas fiquem em nossas estradas.
Temos que cada vez mais buscar a conscientização. Não senhores! Nunca será normal para mim ver um corpo no chão, vítima de mais um acidente de trânsito e não pode ser para ninguém. Isso precisa ter um fim.
Hoje, amanhã, depois de amanhã, sempre que você for entrar em seu carro, ou subir em sua moto, pense bem. Você quer chegar ao seu destino? Se a resposta for sim, dirija com cuidado e o seu troféu será a vida.
Até mais!

3 comentários:

  1. Gostei do seu posicionamento. Não gosto de ver que os acidentes são uma normalidade na vida das pessoas. Passar diante de um corpo estendido no chão, não sentir nada e pensar que foi apenas mais um acidente são sinais de que o ser humano não está se importanto com os outros. Continuo triste quando vejo ou fico sabendo de um acidente próximo. Gostaria que a mídia falasse mais da pessoa que perdeu a vida na estrada em vez de dizer que foi mais um número para entrar nas estatísticas. Eu sempre procuro pensar que quero chegar com vida ao destino desejado. Chegar rápido ou primeiro não passa na minha mente. Valeu refletir com você, parabéns!

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  2. Opa... obrigado aí por passar por aqui e ler meu texto... hehehe... como encontrou?

    enfim... valeu pela "audiência"!

    Abraço!

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  3. Encontrei o seu espaço por meio do comentário que você deixou no blog da Marina ("O que se pode dizer"). Abraço pra você também!

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