quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Lamentável!

Como escrevi em um texto que está um pouco mais abaixo, tive que fazer uma viagem para Porto Alegre no início deste mês. Mas hoje não quero falar nada sobre a cidade ou sobre o concurso que fui fazer, venho falar sobre algo que aconteceu no ônibus, durante a longa viagem, e que me incomodou bastante. Vamos aos fatos...
Durante as longas nove (eu disse NOOOVE) horas de viagem até Porto Alegre, tive a oportunidade de ouvir uma conversa um tanto conturbadora, em diferentes sentidos. 
Em um ônibus que esteve cheio durante todo o percurso, eu acabei me alocando em uma poltrona no fundo do carro. A minha direita, logo atrás de mim, em um ângulo diagonal, para ser mais preciso, acabaram sentando um jovem e um outro homem com farda da polícia militar.
Pois bem. O primeiro fato que incomodou, foi que eles conversaram o tempo inteiro. Nas primeiras três horas, nem me incomodei, pois estava com os fones de ouvido e nem ouvia nada. Porém, quando acabou a bateria do MP4, tive que acompanhar o diálogo. E foi aí que me senti bem incomodado. Como pode duas pessoas falarem sem parar durante horas? Coisa mais chata. Ainda se fosse em um local propício para isso (se é que existe esse local), mas num ônibus!?! Sabe-se muito bem que muitas pessoas gostam de dormir ou tenta relaxar, ou pensar na vida. Sei lá. Só sei que a conversa deles, talvez até por estarem tão próximos a mim, incomodou bastante.
Mas isso ainda não foi o mais grave. Pelo menos não na minha forma de pensar e explicarei o porquê disso.
Os assuntos dois eram basicamente sobre carros e sobre festas. Esses temas sempre envolvendo questões que levavam à abordagem por policiais. Pois bem. O que me preocupou foi o seguinte assunto. Em certo momento, o jovem tocou no tema "dirigir após tem ingerido bebidas alcoólicas" e para minha surpresa, no meio dos comentários, o policial militar saiu com essa frase: "ah, mas é normal o cara tomar um traguinho e dirigir. Todo mundo faz isso. Só não pode exagerar". E os dois foram seguindo no assunto e o policial falando coisas do tipo, ou seja, influenciando uma atitude completamente errada.
Tudo bem que muita gente realmente faz isso, mas no momento em que vivemos, onde as campanhas de conscientização são frequentes, ouvir um policial militar falar este tipo de coisa, me deixou bem preocupado. Ele falou, inclusive, que já "deixou passar" alguns casos em que o motorista estava embriagado.
Vejam bem, eu sei que é difícil controlar isso, mas é inaceitável que a pessoa que trabalha no combate a este e aos demais tipos de delitos, fale algo aceitando este tipo de comportamento. Um policial militar não pode incentivar um jovem a ter um comportamento que foge de tudo aquilo que vem sendo feito para diminuir o número de mortes no trânsito.
Mas o pior, é que muito provavelmente, a maioria dos policiais pensa e age da mesma forma. Então, de que adianta fazer campanhas de conscientização ou ameaçar punições, se os responsáveis pela fiscalização não vão cumprir com suas obrigações?
Pois é, depois não sabem porque o número de acidentes e de mortes no trânsito nunca diminui. Só digo uma coisa: Lamentável!

Até a próxima!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um belo dia... - O susto (5/7)

Márcia olhava para o rapaz alto, encostado no balcão do bar e que fingia gostar da festa. Via, porém, que ele tentava apenas fazer companhia ao amigo. Ficou assim, apenas observando o jovem de cabelos castanhos por algum tempo. "Ele é bonito", pensava ela ao mesmo tempo que se interessava em saber o porquê de tamanha falta de animação. Depois de algum tempo tomou coragem e foi até ele.

- Oi! - disse enquanto sorria para ele.

- Oi, tudo bem?

- Tudo sim... eu me chamo Márcia e você?

- Rafael... - Ele parecia um tanto surpreso com a iniciativa da jovem.

Aos poucos, porém, conforme a conversa ia avançando, Rafael ia se soltando e gostava da companhia da jovem de cabelos negros, pela altura dos ombros. Márcia tinha traços exóticos. "Uma beleza diferente", pensou Rafael. Já havia visto ela pelos corredores da faculdade e gostou que ela tivesse vindo até ele naquela festa. Já fazia cerca de um ano que Julia tinha ido embora e Rafael não conseguia esquecer a ex.

- Adoro essa música...vem, vamos dançar - disse Márcia, puxando Rafael pela mão.

- Mas quem disse que eu sei dançar?!? - respondeu sorrindo.


- Não importa - disse ela já abraçando Rafael, que ficou encantando com o jeito "espoleta" de Márcia. "Parece tão alegre", pensou ainda enquanto começava a dançar. 


E foi assim, em uma noite de inverno, ao som de "Amigo Apaixonado", de Victor e Leo, que Rafael e Márcia se beijaram pela 1ª vez. Um beijo demorado, com paixão. E isso estava correto. Os dois haviam se apaixonado. 
Depois disso, em algumas semanas estavam namorando e ele ficou feliz com isso. Não tinha tirado Julia completamente dos pensamentos, mas Márcia, definitivamente, estava lhe fazendo bem. Ela, sempre muito dedicada, fazia de tudo para agradar Rafael, que também era muito dedicado ao namoro. Eram tão entrosados, que até o toque do celular era o mesmo, justamente a música do 1º beijo.
Quando completaram dois anos de namoro, Rafael pediu Márcia em casamento e ficaram noivos. Isso foi apenas dois meses antes dele reencontrar Julia.

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Aos poucos Rafael foi reconhecendo a música que o atormentava e não permitia que ele escutasse o que Julia falava. Era o som que tocava quando beijou Márcia pela 1ª vez. "Mas porque essa música tá tocando aqui, justo agora?", pensou ele, ainda olhando para a imagem de Julia a sua frente. Imagem esta, que parecia estar um pouco desfocada agora. Ele não entendia o que estava acontecendo. 


O volume da música só aumentava e agora parecia estar dentro da cabeça dele.  Cada vez mais alto...


Rafael abriu os olhos. Assustado!


Olhou para o lado a procura de Julia. A TV ainda estava ligada e sob a almofada, o celular tocava sem parar. Mais assustado ainda ficou ao olhar no relógio e ver que já passava das 9h da manhã. Estava atrasado para o trabalho e por isso estavam ligando da empresa. Sentou no sofá, levou as mãos ao rosto e ficou pensando por alguns instantes. Ainda estava confuso. Tinha adormecido no sofá, disso agora tinha certeza, e ficou triste ao perceber que tudo não passara de um sonho...



CONTINUA...

PS.: para quem não recorda ou simplesmente não leu, abaixo estão os links para os "capítulos" anteriores!


http://mrgomelli.blogspot.com/2010/06/um-belo-dia-o-reencontro-17.html

http://mrgomelli.blogspot.com/2010/07/um-belo-dia-confusao-nela-27.html

http://mrgomelli.blogspot.com/2010/08/um-belo-dia-ele-sonhava-com-isso-37.html

http://mrgomelli.blogspot.com/2010/09/um-belo-dia-musica-47.html

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Primavera

Como eu já relatei aqui, em outros textos, trabalho em um jornal aqui na cidade onde moro. Este jornal sai três vezes por semana: terça-feira, quinta-feira e sábado. Pois bem, como fui viajar para Porto Alegre (mais detalhes no texto "Ahh Porto Alegre", mais abaixo) na sexta-feira ao meio dia, terminei minha parte na edição de sábado (11/09) na manhã de sexta e fui viajar. Fiquei sexta e sábado na capital do estado e não pude ver a edição de sábado do jornal quando esta circulou.
Quando cheguei, na manhã de domingo, fui logo pegar o jornal para dar uma olhada. Sempre faço isso. E ao fazer desta vez, um texto me chamou a atenção, mas não era meu, era de um colega de redação. Como gostei muito, conversei com ele e com a devida autorização, resolvi trazer para o blog. Eis que aí está:



Tempo das cores, do perfume e da alegria
Faltando onze dias para o início da primavera, o fotógrafo Rogério Sartori registra as mais belas imagens que a natureza desenha

Escrevia a poetisa Cecília Meireles: “A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega”.
Esta semana o fotógrafo do JM, Rogério Sartori, registrou as primeiras imagens de um cenário encantador que a primavera pode desenhar sem usar mãos. A estação que só chega daqui a 11 dias (22 de setembro), antecipa mostras do seu poder de transformar para melhor a natureza tão castigada pelas mãos do homem.
A “Primavera austral”, no Hemisfério Sul que tem início dia 22 de setembro e que termina no dia 20 de dezembro, já começou a desabrochar as flores e dar espaço para que no palco da vida as novas vozes de passarinhos comecem a ensaiar as suas melodias tradicionais.
Os raios de sol já nem estão mais pedindo licença para adentrar pelas janelas de nossas casas e mostrar que a cada novo dia é hora de recomeçar.
Embora nem todos os seres humanos acreditem em mudança, a terra maternalmente se enfeita para a festa que irá perpetuar a estação do amor. É preciso se preparar para recebê-la, pois haverá a hora que cada um deverá criar a sua própria primavera. Algum dia, talvez, nada mais será assim.
Enquanto há primavera, existe a certeza de que há paz, alegria, esperança, amor, sonhos realizados, dias felizes enfim, tudo aquilo que você desejar para si mesmo e principalmente para o próximo.


Nossa, achei muito legal o texto. Até brinquei com ele na segunda-feira: "Pow, mas tu escreveu uma poesia...". Achei muito bom e um ótimo texto para refletir sobre tudo que acontece na nossa vida. Uma mensagem inspiradora e verdadeira. E as fotos também são belíssimas. Até brinquei com o fotógrafo do jornal na quinta-feira: "Olha só, as árvores já tão cheias de flores. Bah, essa é a melhor época para os fotógrafos e a pior para os alérgicos...". E realmente a Primavera é uma estação perfeita para quem gosta de fotografar.
Bom, acho que já está bem explicado. Antes de ir embora, não poderia deixar de dar os devidos créditos. O autor do texto é o Odair Kotowski, repórter do Jornal das Missões e da Rádio Santo Ângelo. E as belas imagens são do fotógrafo do JM, Rogério Sartori. Ou como chamamos eles: o Oda e o Kiko (não sei se vão gostar de eu ter colocado esses apelidos aqui... hehe).
Então era isso aí. Meus parabéns aos dois pelo ótimo trabalho e uma boa leitura a quem passar por aqui.

Até a próxima! =)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Semana Azul!


Para quem ainda não se lembrou, na próxima quarta-feira, 15 de setembro de 2010, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense está completando 107 anos de história. E por isso mesmo, este domingo abriu o que eu chamo de a "Semana azul". Antes que algum torcedor venha dizer que toda semana e todo dia são do tricolor, só quero deixar claro que, por se tratar da semana do aniversário do clube, acho que é um título justo.
Eu tenho 23 anos e não tive a oportunidade de ver tudo que aconteceu na história do tricolor gaúcho. Queria ter visto os grandes nomes que fizeram nossa história. Queria estar lá, no começo, quando o time ainda jogava na Baixada, mas não pude. Porém, nem por isso amo menos este clube, pois nestes 23 anos, ele me deu muitas alegrias e mesmo que vez por outra atravesse uma fase um pouco pior, nada parece ser capaz de diminuir este sentimento, quanto mais terminar com ele. Aliás, se tem uma coisa que eu amo nessa minha vida, essa coisa é o Grêmio.
Como disse ali em cima, não tive oportunidade de ver alguns dos grandes nomes que já vestiram a camisa tricolor. Queria ter visto por exemplo, o lendário goleiro Lara. Mas por outro lado, tive a honra de presenciar Danrlei defendendo as cores do Grêmio e hoje, vejo a cada jogo, se consolidar um novo mito com a camisa tricolor, o goleiro Victor, ou InVictor.
Tive a sorte de ver Arce, o lateral direito paraguaio que vestiu a camisa tricolor na década de 90 e entrou para a história do clube. Lamento não ter visto ao vivo o grande zagueiro Hugo de Leon, mas pude ver Rivarola e Adilson. Quaria ter visto Renato Portaluppi atormentando a zaga do Peñarol ou "quebrando" a coluna dos zagueiros do Hamburgo. Mas poxa, vi uma das duplas de ataque mais lendárias do futebol brasileiro: Paulo Nunes e Jardel.
Esses são só alguns exemplos de jogadores que marcaram a história do nosso tricolor. Existem tantos outros. Hoje, o time não é aquele que muitos gostariam, mas a fase começa a melhorar. Acabamos de ter a eleição para o Conselho Deliberativo, onde aconteceu uma boa renovação, que promete revigorar a estrutura administrativa do clube. Vem aí a eleição presidencial, onde os sócios podem recolocar Paulo Odone como presidente, um homem que tem identificação com o jeito Grêmio de ser. Temos a reação do time dentro de campo, com cinco jogos sem perder e com o nosso eterno ídolo no comando técnico. Motivos não faltam para comemorarmos o aniversário do nosso tricolor e o maior de todos, com certeza, é o amor pelo clube.
Por isso torcedor, nesta semana, mais do que nunca, vista o manto, vista-se de azul, e mostre para o mundo que nosso amor pelo Grêmio é maior que tudo e que nada nem ninguém fará ele morrer. Porque esse amor é como o clube, é IMORTAL.

domingo, 12 de setembro de 2010

Ahh Porto Alegre...

Estou de volta a blogosfera depois de alguns dias de ausência. Quero explicar que estava meio sem vontade de escrever, talvez  por nervosismo. Tinha uma prova muito difícil no sábado e uma viagem que me preocupava. Foi por isso, viu Soool, que não continuei a história, mas em breve eu retomo ela.  Enfim, deu tudo certo e resolvi escrever esse texto, meio que um diário de viagem. Nada comparado ao que faz o Zaratustra (www.assimfalhouzaratustra.blogspot.com), que tem a oportunidade de relatar seus dias em viagem por diversos países da Europa. Mas, por enquanto, isso é o que está ao meu alcance.
Neste final de semana tive a oportunidade de reativar uma paixão. Mas não pense você que é por alguma guria desse Rio Grande afora. Nada disso. Isso aconteceu pois visitei a capital do meu estado, Porto Alegre. E como eu gosto daquela cidade!
Eu não sei se já escrevi isso aqui no blog, mas eu sou apaixonado por Porto Alegre. Na verdade, eu acho muito legal aquele movimento todo, típico das grandes metrópoles. Provavelmente quando conhecer outras grandes cidades, como a belíssima Curitiba, que vem sendo retratada pela Lu Vieira no seu blog (www.maquinadeletras.blogspot.com), sentirei o mesmo, pois o que me atrai é o universo dos grandes centros. Estou meio cansado dessa coisa de morar no interior, algo meio monótono, por assim dizer. Mas vamos enfim, para o relato da viagem.
A ida foi deveras cansativa. Afinal, ficar nove (eu disse NOVE) horas dentro de um ônibus é muito chato. Se já é ruim para qualquer pessoa, imagine para alguém alto. Não há espaço para as pernas, ou seja, muito difícil de relaxar. Na verdade quando o ônibus está mais vazio, é possível dormir utilizando os dois bancos. Agora, quando está lotado, como era o caso, fica impossível. O jeito foi ir ouvindo uma musiquinha e pensando na vida... hehe. O pior mesmo foi quando acabou a bateria do MP3. Aí sim, sem música e tendo que aguentar os dois tagarelas do bando ao lado, que não paravam de falar, ficou mais chata ainda a viagem. Ela só melhorou quando comecei a conversar com a moça sentada ao meu lado. Foi depois de quatro horas na estrada e acho que foi meio que uma última tentativa, de ambos, de fazer o tempo passar. Deu certo e quando vimos, o "busão" já estava na Região Metropolitana.
A estadia em Porto Alegre foi muito divertida. Contei com a ajuda importantíssima do Eduardo Ritter (www.orebate-eduardoritter.blogspot.com) para me orientar pela cidade. Ele conhece bem aquele território. E assim, entre uma caminhada e outra, ou entre uma "viagem" de ônibus e outra, que demos boa risadas. Nem a chuva que caiu durante quase todo dia no sábado foi capaz de tirar o bom humor.
Pena que foram só dois dias. Não deu tempo nem de visitar muita coisa.
Mas já foi suficiente  para realçar minha paixão pela cidade. Claro, uma coisa é morar, outra é visitar, mas eu não fui só a passeio. Experimentei um pouco da correria e só serviu mesmo para me mostrar que é em um lugar assim que eu quero viver. Eu quero estar onde as coisas acontecem, não nessa pasmaceira de interior. Tem muita gente que pensa exatamente o oposto, mas aí é como eu sempre digo: cadum cadum (hehe)
Ah, sobre a prova, estava bem difícil, como eu já esperava. Agora é aguardar o resultado que deve sair nos próximos dias. 
O ponto negativo da viagem foi quebrar meu celular, que estava dentro do meu bolso. Estava passando por uma mesa e bati a perna na quina. Só que a batida foi bem onde estava o celular, que acabou tendo a tela rachada. Ficou sem funcionalidade e inutilizável, mas essas coisas acontecem.

Acho que era isso. Não ficou um relato tão rico em detalhes, porque se eu fizesse isso teria que dividir o texto em pelo menos três. Mas já valeu, eu acho...

Até a próxima!

sábado, 4 de setembro de 2010

Um belo dia... - A música (4/7)

Rafael estava sentado no sofá da sala. A televisão ligada, o controle remoto na mão. Os pensamentos sobre Julia iam e vinham em sua mente. Conforme se entretia com algum programa qualquer, deixava um pouco de lado as lembranças, que logo retornavam. Assim, ia passando o tempo até que o sono chegasse. Havia pensado muito, em tudo, e não chegara a nenhuma conclusão. Talvez o sono, já forte devido o avançado da hora, estivesse limitando sua capacidade de reflexão. Foi quando a campainha soou.

Rafael esperava que aquilo acontecesse. Tinha quase certeza que Márcia, dedicada e um tanto quanto teimosa, iria fazer questão de ir até seu apartamento na volta para casa. Sabia que isso aconteceria, mas desejava o contrário. Sabia que não estava pronto para lidar com uma conversa sobre o relacionamento e mais do que isso, queria estar sozinho. Como as luzes do apartamento estavam acesas e a noiva já teria percebido, resolveu ir atendê-la. Talvez pudesse inventar uma desculpa qualquer, pensou. 

Girou a chave e abriu a porta. Estremeceu. Por um instante viu o tempo parar enquanto olhava para os olhos verdes de Julia, brilhando em sua direção. Não falou nada, nem ela. Ficaram apenas se olhando.

Rafael admirava cada centímetro da face da amada. Durante o namoro de dois anos, talvez a sua maior alegria era poder olhar para ela enquanto a acariciava. Empregava muito tempo naquilo e mais importante, era feliz com aquilo. A pele clara de Julia, com os finos traços do rosto eram como uma droga para ele. Era um viciado na beleza da jovem de cabelos castanhos, que se estendiam pouco além dos ombros.

Continuaram em silêncio, apenas se olhavam. Assim, sem falar nada um para o outro, se abraçaram. Depois de tanto tempo separados, era a primeira vez que ele sentia tanto prazer em um abraço. Seus braços faziam o contorno da cintura fina de Julia, que o apertava contra seu corpo. Rafael simplesmente não acreditava. Sentiu seus olhos encherem de lágrimas, pegou nos ombros de Julia e voltou a encará-la. Assim como ele, ela também tinha os olhos marejados. A emoção havia dominado os dois.

Rafael queria sorrir, queria chorar, queria gritar, mas parecia estar hipnotizado. Ficaram mais alguns minutos assim, apenas se olhando. Até que em certo momento Julia sorriu. Um sorriso tímido, meio de lado, mas que pareceu iluminar todo o entorno. Rafael, inebriado pelo sorriso da jovem, a puxou contra o seu corpo e a beijou.

Sentia saudade daquele beijo. Jamais havia experimentado um beijo como o de Julia. E sabia que o sentimento era recíproco. Eles se amavam, talvez mais até que quando se separaram. Tinha cada vez mais certeza disso.

Voltaram a se olhar. Quando se preparava para falar que a amava, foi interrompido por um barulho estranho. Uma música. Não sabia de onde vinha. Viu a boca da jovem se mexendo. Ela estava falando com ele, mas ele não conseguia ouvir. O som era alto demais...



CONTINUA...

PS.: para quem não recorda ou simplesmente não leu, abaixo estão os links para os "capítulos" anteriores!


http://mrgomelli.blogspot.com/2010/06/um-belo-dia-o-reencontro-17.html

http://mrgomelli.blogspot.com/2010/07/um-belo-dia-confusao-nela-27.html

http://mrgomelli.blogspot.com/2010/08/um-belo-dia-ele-sonhava-com-isso-37.html