segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Da série: Que letra linda! Natiruts - Quem planta o preconceito

Cá estou mais uma vez com uma música que tem uma letra muito legal. Para quem não gosta do ritmo, sugiro que ouçam pelo menos para acompanhar a letra. Muito realista, muito legal. Fica a dica!

Quem planta preconceito
Racismo, indiferença
Não pode reclamar da violência
Quem planta preconceito
Racismo, indiferença
Não pode reclamar da violência
Quem planta preconceito
Racismo, indiferença
Não pode reclamar da violência
Quem planta preconceito
Racismo, indiferença
Não pode reclamar...


Lembra da criança
No sinal pedindo esmola?
Não é problema meu
Fecho o vidro
Vou embora...
Lembra aquele banco
Ainda era de dia
Tem preto lá na porta
Avisem a polícia...
E os milhões e milhões
Que roubaram do povo
Se foi político ou doutor
Serão soltos de novo

Ooooooooooooh!
Quem planta preconceito
Racismo, indiferença
Não pode reclamar da violência
Quem planta preconceito
Impunidade, indiferença
Não pode reclamar da violência
Quem planta preconceito
Racismo, indiferença
Não pode reclamar da violência
Quem planta preconceito
Impunidade, indiferença
Não pode reclamar...
-"Ainda há muito
O que aprender
Com África Bambata
E Salassiê
Com Bob Marley e Chuck D
O reaggae, o hiphop
Às vezes não é esse
Que está aí
Seqüela a violência
Entrando pelo rádio
Pela tela
E você só sente quando falta
O rango na panela
Nunca aprende
Só se prende, não se defende
Se acorrenta, toma o mal
Traga o mal, experimenta
Por isso ainda há muito
O que aprender
Com África Bambata
E Salassiê
Com Bob Marley e Chuck D
O reaggae, o hiphop pode ser
O que se expressa aqui
Jamaica
O ritmo no pódium sua marca
Várias medalhas
Vários ouros, zero prata
E no bater da lata
Decreto morte é o gravata
E no bater das palmas
Viva a cultura rasta"
Crianças não nascem más
Crianças não nascem racistas
Crianças não nascem más
Aprendem o que
Agente ensina...
-"Por isso ainda há muito
O que aprender
Com África Bambata
E Salassiê
Com Bob Marley e Chuck D
Todo dia algo diferente
Que não percebi
E na lição um novo
Dever de casa
Mais brasa na fogueira
E o comédia vaza
A moda acaba
A gravadora trai
E o fã já não
Te admira mais
Ainda há muito
O que aprender
Lado a lado, aliados
Natiruts, GOG
O DF, o cerrado
Um cenário descreve
Do Riacho a Ceilândia
Cansei de ver
A repressão policial
A criança sem presente
De natal
O parceiro se rendendo ao mal
Quem planta a violência
Colhe odio no final"

Acho que definitivamente não resta muito o que dizer. A letra é sensacional. Coloquei negrito e itálico em trechos que acho mais significantes, como de costume. Boa leitura e se tiverem um tempo, escutem a música que fica melhor ainda. Abaixo deixo o link da versão que mais gosto.
Abraços!


domingo, 29 de agosto de 2010

Sentir a Vida!


Ando em um momento que tenho pensado muito sobre sentimentos, de diversos tipos. Outro dia até escrevi um texto aqui sobre o amor, na verdade sobre o que seria este sentimento em específico. Mas o que trato aqui, é como eles estão presentes na vida. Tudo que fazemos, todos os momentos de nossa existência são marcados por pelo menos um sentimento. Antes que  você pense: "tá, mas disso eu já sei faz tempo...", deixo claro que sei que isso parece meio óbvio. Mas nem sempre paramos para pensar no que estamos sentindo e em como isso mexe com a gente.
Alguns sentimentos são nobres, outros nem tanto e alguns são ruins. E alguns podem ser todas as alternativas anteriores.
Gostar de alguém, por exemplo. Pode ser ótimo, mas também pode ser ruim. Bom será quando o sentimento for recíproco, ruim quando a outra pessoa não sente o mesmo. Este é um gostar que causa dor.
Dor, aí está outro sentimento interessante. Na maior parte das vezes, a maioria das pessoas, não gosta desta sensação. Mas até a dor tem seus admiradores, que o diga os sadomazoquistas... hehe
A saudade também pode ser um sentimento bom ou ruim. Ruim quando não podemos amenizá-la. Ótima é quando ela é por alguém ou algo que sabemos que vamos ter a chance de rever. 
Eu sinto saudade de muitas coisas na minha vida. Coisas que eu sei que não vão mais voltar, como minha infância, a união da minha família, de momentos e pessoas que passaram e que eu sei que não voltam mais. Mas por outro lado, gosto da saudade da minha cidade, da minha família, pois sei que quando reencontrá-los, essa saudade vai aumentar ainda mais a alegria por estar perto deles.
Uma coisa que acho engraçado é que muitas vezes a saudade, mesmo causando dor, é bem vinda. Eu sinto muita falta da minha avó. Sei que não vou poder mais revê-la, abraçá-la, mas mesmo assim, a saudade que eu tenho dela, me faz bem. Essa saudade, por ter essa certeza, pode até machucar, mas sempre que penso nela, que lembro dela, eu sinto saudade, mas nunca vou querer deixar de me lembrar dela. Então, mesmo que essa saudade me cause dor, não me importo que ela esteja aqui, pois quero sempre lembrar e pensar em alguém tão importante na minha vida, como foi e é minha avó.
O medo também pode ter esta dupla face. É horrível sentir-nos amedrontados por algo, mas o medo, mesmo ruim, pode ser um impulso para vencermos obstáculos da vida.
Enfim, não sei bem onde quero chegar com esse texto. Só acho interessante como os sentimentos estão em tudo, em todos os momentos, e como eles variam em cada um de nós. Citei aqui apenas alguns deles. Você, que por ventura ler este texto, pode pensar em tantos outros. São muitos, são diferentes, são iguais, são bons, são ruins, são bons E ruins, são marcas, são tudo, são nada.
Queria entender todos. Queria saber como lidar com cada um deles, mas isso parece impossível. Eles são donos de si, não obedecem a ninguém. Não há forma de mandar nos sentimentos, apenas formas de tentar, nada mais que tentar, mudá-los. O jeito é viver, não fugir, enfrentá-los às vezes ou apenas sentir. Tentar fazer aquilo que achamos certo, e como eles estão em tudo, ir vivendo e sentindo a vida.

Até a próxima!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um belo dia... - Ele sonhava com isso (3/7)

- Pô Rafael, você tá estranho hoje hein. Ficou quieto a reunião inteira... tá acontecendo alguma coisa?

- Ah, cara, pra dizer bem a verdade nem tava prestando muita atenção pro que tavam dizendo.

Rafael tinha saído do café, mas o encontro com Julia seguia povoando seus pensamentos. Durante três anos havia pensado, imaginado, sonhado com um reencontro, com a chance de tentar reconquistá-la e quando finalmente tentou seguir em frente, ela simplesmente aparece de novo em sua vida. Definitivamente aquele encontro havia mexido com ele.

- Bom, então só pra te situar, o seu Gerônimo apresentou o balanço do mês e teu pai ficou nada satisfeito. Falou que se não melhorar mês que vem, vai ser obrigado a demitir alguém.

Enquanto caminhava ao lado de Denis, em direção ao carro no estacionamento, Rafael ainda admirava aquele sorriso que insistia em permanecer no seu pensamento. Tanta desatenção fez o amigo reclamar.

- Pô Rafa, presta atenção cara...que tá acontecendo?

- Eu encontrei a Julia hoje no café. A gente conversou e ela me falou que voltou pra casa dos pais dela.

- Ah não cara, você não pode se iludir com isso. Eu tava contigo depois que ela foi embora e nós dois sabemos como você ficou.

- Eu sei, Denis. Eu sei de tudo isso, eu lembro muito bem disso, mas eu não consigo tirar esse encontro da cabeça. Na verdade, acho que vou direto pra casa hoje. Tenho que pensar sobre o o que aconteceu.

- Mas aconteceu alguma coisa? - Denis parecia surpreso.

- Não, não! apenas conversamos mesmo, mas você sabe o que eu sinto por ela né. É difícil pensar que ela está aqui de volta.

- Mas e a Márcia?

- Eu sei cara, é por isso mesmo que eu quero ir para casa e pensar nisso tudo. Não posso enganar ela. Ela me fez tão bem, não seria justo.

Denis havia acompanhado de perto os três anos que Rafael passou se lamentando pelo término do namoro com Julia. Sabia o quanto aquele reencontro havia mexido com o amigo e por isso mesmo, dava-lhe razão.

- É...não seria mesmo. - concorda o amigo, sem saber direito o que dizer a respeito.

- Bom, mas amanhã a gente se fala então. E não comenta isso com ninguém né Denis! - afirma Rafael cumprimentando o amigo e entrando no seu carro.

Cerca de uma hora depois, já em seu apartamento, ele liga para a noiva. Explica que preferia ficar em casa naquela noite, ao invés de ir na festa de aniversário de uma das colegas de trabalho dela. Márcia ainda insiste, mas ele se mostra decidido. Afirma que não tem problema que ela vá, mas que vai ficar em casa. Ela, ainda pergunta se ele quer companhia, mas com a negativa, se despede e desliga o telefone.

Rafael não sabe direito o que pensar, muito menos o que fazer. Apanha uma garrafa de água na geladeira e senta em frente a TV, que mesmo no volume alto, não consegue se sobrepor à voz de Julia. Ele revê toda a conversa do café e ali fica, embriagado de esperança, enquanto admira o sorriso da amada...



CONTINUA...

PS.: para que não recorda ou simplesmente não leu, abaixo estão os links para os "capítulos" anteriores!

http://mrgomelli.blogspot.com/2010/06/um-belo-dia-o-reencontro-17.html

http://mrgomelli.blogspot.com/2010/07/um-belo-dia-confusao-nela-27.html

sábado, 21 de agosto de 2010

O significado de amar...

Eu te amo!

Três palavras e um sentimento. Mas afinal, que sentimento é esse? Quem pode definir o amor? Alguém já conseguiu isso alguma vez? Quantas vezes usamos esta palavra? Será que sempre que usamos, estamos respeitando o seu significado? Mas qual o significado? Alguém me responda: o que é Amar?

Nós podemos amar outras pessoas, podemos amar outros seres vivos, podemos amar algumas sensações, alguns objetos e podemos até mesmo, amar o amor. Mas quando se sabe que o sentimento é amor?

O amor de mãe e o amor de pai são os mais puros. Certo? Não sei. Vemos tantas famílias se odiando por aí. Será que esse ódio todo faz parte do amor? Não posso crer. Ódio não combina com amor, seria uma incoerência. Mas o que combina com amor? E como saber o que combina, se não pudermos defini-lo?

Amar algo é desejar, é querer estar sempre por perto ou simplesmente saber que aquilo ou aquela existe? Ou será, então, tudo isso junto?

Se me perguntarem se eu já amei, direi que sim. Mas estarei certo? Já senti tudo aquilo que relatei acima algumas vezes na vida, e ainda sinto. Mas será que este sentimento é amor?

Há algum tempo, eu usava aquelas três palavrinhas quase que diariamente. De várias formas, em várias situações. Eu tinha certeza que amava e fazia questão de deixar claro. Cada sorriso, o cheiro, o jeito, tudo que remetia minha lembrança a ela, me enchia de alegria. Hoje, todas essas mesmas lembranças, causam muita dor. Será isso o amor? Será que o amor vem acompanhado da dor? Pois invariavelmente, em algum momento da vida, vamos perder algo ou alguém que amamos. E esta perda vai causar dor.

Mas se o amor vai causar dor, não é outra incoerência? Será por isso que as pessoas fogem tanto deste sentimento? Mas que sentimento é este afinal? Quem pode definir isso?

Mesmo sem saber direito o que significa isso, eu sou capaz de dizer que ainda amo muita coisa na minha vida. Mas estarei certo? Qual a diferença de gostar muito para amar? Porque é tão difícil definir isso? Mas será que é tão difícil assim para todos? Se for, como podemos ver tanta gente usando essa expressão? Existe aquela frase: “Eu te amo virou bom dia”. Estão banalizando a expressão ou o sentimento? Ou as duas coisas?

Será que um dia seremos capazes de definir, com toda a certeza, o que é amar? Espero que sim. E se amar significa sentir aquela felicidade sem explicação que só sentimos em alguns momentos da vida, eu quero muito sentir isso de novo e cada vez mais, mesmo sem saber direito que esta sensação seja amor, mesmo sabendo, que algum dia, isso se transformará em dor.

Certa feita li um poema, do qual o autor não me recordo. Lembro um pequeno trecho, que talvez resuma tudo isso que eu falei e cito a seguir:



"O amor é mal, mas sendo mal
Sofrê-lo nos faz bem
Chora o amante se o amor lhe dá ventura
E ri da dor, se dele a dor lhe vem..."

Vou encerrando por aqui ainda sem saber dizer o que é o amor... se alguém souber, que explique. Enquanto isso, vamos usando aquela frase para o que pensamos ser o amor. E sempre que usarmos o “Eu te amo”, que seja sincero, pelo menos de acordo com aquilo que pensamos ser, o significado de amar!

Um grande abraço e até a próxima!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

É tudo sobre ser humano e não rôbo!

Dia desses estava refletindo sobre certas coisas e cheguei a uma conclusão: eu não gosto dessa "robotização" que nos é imposta dia após dia, em qualquer lugar que vamos. Agora deixa ver se eu consigo explicar isso para vocês.
Bom, o primeiro ponto é explicar o que eu entendo por "robotização". Pelo que sei, os robôs são programados, não têm vontade própria, não tomam decisões. Tudo que fazem foi inserido no seu mecanismo por quem os projetou e esta mesma pessoa determinou os seus atos. Ou seja, são programados.
Onde quer que estejamos, vai haver aspectos na nossa vida, que podem ser robotizados. Muitos estão ligados apenas a nossa rotina e também à forma de vida do lugar onde nos encontramos. Mas muitos destes processos estão em todo e qualquer lugar, motivados por certos modernismos que vemos por aí.
Eu moro em uma cidade pequena, se comparada às grandes metrópoles. Tenho aqui uma rotina até certo ponto tranquila. Minha vida aqui tem sim alguns aspectos robotizados. Como sou funcionário de uma empresa, cinco dias por semana eu faço a mesma coisa. Isso quer dizer que de manhã e de tarde, eu vou até este local no mesmo horário diariamente e faço basicamente as mesmas coisas. É uma rotina, o que ao meu modo de ver, não deixa de ser uma ação robotizada. Faço isso pelo mesmo motivo que outras pessoas fazem, pois precisamos obter recursos para pagar pelas coisas básicas da nossa vida, além de algumas não tão básicas assim, obviamente. Pois bem...
Aqui na cidade onde moro, as pessoas têm alguns hábitos em comum. Acho que isso é normal em toda cidade, até porque nas outras onde morei, também existiam coisas do tipo. Vou dar um exemplo do que acontece aqui. A cidade tem uma praça muito famosa, ou como chamam, o Centro Histórico. Um lugar amplo e realmente bonito. Por isso mesmo, atrai muitas pessoas nos horários de folga. O que acontece ao meu ver, é que boa parcela da população está robotizada por isso. Todo domingo, ou feriado, em determinada hora da tarde, elas se dirigem para este local para conversar, ver o movimento e cevar um bom chimarrão (o que não deixa de ser uma robotização para nós gaúchos). É um hábito, é uma mania, mas quando se torna algo comum a todos os domingos, é uma robotização. Como se estas pessoas estivessem programadas para ir lá todo o domingo e se não forem é porque algo está muito errado.
Vamos para outro exemplo. Eu sou uma pessoa jovem. Tenho meus 23 anos. O que acontece é que não sou muito de festas. Claro, como qualquer outra pessoa tenho os dias que estou com vontade de ir a festas, mas nem sempre. Porém, parece que as pessoas na minha idade estão robotizadas. Perdi as contas de quantas vezes já li ou recebi como resposta algo do tipo: "Hoje é sexta-feira, é dia de ir para a balada" ou "Pô, é sábado, tem que fazer festa". Vejam vocês. Esta é outra robotização. Por que tem que ser toda sexta e sábado a mesma coisa? Tudo bem, os argumentos de gostar de dançar, de diversão e outras coisas, são todos válidos. Mas não pode se tornar uma obrigação. A pessoa não está tão a fim assim, mas como é sexta-feira (sábado), nem imagina ficar em casa. Parecem estar programados para fazer isso e sendo assim, estão robotizados.
Outra coisa que me deixa incomodado é essa necessidade de colocar o sexo a frente de quase tudo. Não vou ser louco de dizer que não gosto de sexo, porque acho que quem experimenta, normalmente gosta. É bom realmente, mas qual a necessidade de tornar isso uma prioridade? O que se vê muito por aí são pessoas que se conhecem na balada ou em qualquer outro lugar, e antes mesmo de manter uma conversa um pouco mais séria, já partem logo para a transa. Se tornou algo normal. Hoje parece meio que uma obrigação. Você conhece alguém, se interessa pela pessoa, o próximo passo é conseguir transar com ela.
Poxa, o sexo é bom, mas eu acho ele muito melhor quando é com alguém que eu realmente conheço e gosto. E isso é impossível de se descobrir em um ou dois encontros. Qual o problema com o romantismo? Onde está o problema em você realmente conhecer e gostar de alguém para então evoluir a relação a tal ponto? Estamos sendo robotizados por este modernismo. O sexo vem antes do sentimento. Na verdade, quanto menos sentimento, melhor. 
E por estes exemplos, além de outros vários, que eu sou contra essa robotização. Eu sou um ser humano. Alguém capaz de refletir, pensar, tomar decisões, determinar coisas que eu gosto e que eu não gosto. Não posso me prender a certos hábitos. Nem todo o domingo eu quero fazer a mesma coisa. Minhas horas de folga, devem ser exploradas de acordo com meu estado de espírito, de acordo com as minhas vontades. Um dia eu posso querer tomar chimarrão na praça, na outra semana minha vontade pode ser ir ao cinema, na outra, ficar em casa vendo TV, brincando com os cachorros.
Não é só porque eu sou jovem que eu preciso sair todo o final de semana e encher a cara, com aquelas músicas altas nos ouvidos. Eu posso querer ficar em casa, eu devo me permitir outras opções, eu tenho que fugir da robotização.
Não é só porque se quebrou muitos tabus envolvendo sexo, que o mundo deve ser tomado por este liberalismo todo. Nem tão pouco por isso, o romantismo deve ser deixado de lado. Eu quero conhecer alguém sem precisar ter que transar com esta pessoa logo de cara, para não ser taxado de viado, ou de burro, ou outros adjetivos pejorativos. Não quero transar na noite do 1º encontro só porque a modernidade determina isso. "Ah não, nós somos jovens, solteiros, nos conhecemos agora, então só por isso a gente tem que transar". NÃO!
Eu não quero essa robotização pra mim. Eu sou um ser humano, não um rôbo. 
E eu descobri o quanto sou contra essa robotização, refletindo sobre as minhas ações. Percebi, obviamente, que sou minoria. Mas também não quer dizer que eu estou errado ou que a maioria que aceita a robotização está certa. Apenas não me deixo contaminar por isso. E chegando a esta conclusão me senti bem. Afinal, cada um acredita naquilo que quer. Cada um age conforme pensa ser certo. Por que isso? Porque nós não somos rôbos, caramba!

Um abraço e até a próxima!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Marcas de nossa história!

Outro dia eu escrevi um texto contando uma história de um menino. É o 2º depois desse. Pois bem. Nos comentários, a Laurinha (Laura Vieira - http://resteadesol.blogspot.com/) contou uma história da infância dela. Lendo o que ela escreveu e linkando com o conto que havia escrito, eu fui refletindo sobre coisas lá da minha infância. Foi uma viagem interessante.
Foi divertido lembrar de coisas tão simples e que me faziam tão feliz. Coisas que marcaram a minha vida para sempre, de formas diferentes. São coisas boas, coisas não tão boas e até umas coisinhas meio chatas.
Viajando aqui pela minha memória, lembrei do período que comecei a frequentar a escola. Além de todo aquele mundo novo, fui descobrindo as primeiras paixonites. Bah, tive algumas. Lembro que sempre tinha uma menina por quem eu nutria um amor platônico. Quer dizer, platônico porque eu nunca fui atrás para descobrir se elas ao menos sabiam que eu existia. Ah essa maldita timidez...
Mas e as tardes sentado na frente da TV, assistindo "Sessão da tarde" ou o "Cinema em Casa" que passavam sempre os mesmos filmes? Poxa vida! Eu adorava. Pegava umas laranjas no pé que tinha no pátio de casa, sentava na frente da TV e ali ficava curtindo o filme do "Besouro Suco" (não lembro o nome do filme, mas passava direto), entre outros.
Lembro que na rua que eu morava tinha uma ladeira e ali eu me arriscava em cima da bicicleta. Recordo vagamente de certa vez que eu e minha irmã batemos de frente, de bicicletas. Minha mãe conta que ela desmaiou, mas dessa parte eu esqueci.
Uma lembrança que eu gosto muito e que sinto muita falta é do grupo de amigos da escola. Bah, era muito bom. Como na vez que resolvemos montar uma chapa para concorrer ao Grêmio Estudantil da escola e na "Campanha" tínhamos que passar de sala em sala, nos três turnos. A gente era bem pirralho e a ida no turno da noite foi uma aventura. Ou nas tantas vezes que "matamos" aula para jogar futebol no campinho que tinha em uma estação de trem antiga, que ficava bem perto da escola. Eita, quantas tardes eu passei naquele campinho ou até mesmo manhãs, quando a gente dava aquela escapadinha da aula.
Lembro da minha família reunida tooodo domingo. Era um ritual. Todo domingo minha mãe me chamava e íamos os três, eu, ela e minha irmã, para a casa dos meus avós. Lá se reunia toda a "Giumellada", com aquele jeito típico de família de origem italiana sabe?! Todo mundo falando meio gritado e todo mundo se entendendo. Embora às vezes eu me irritasse porque não conseguia ouvir os detalhes das corridas de Fórmula 1, no geral, eu adorava aquilo. Era tão bom estar com o pessoal. Sinto falta disso hoje em dia.
Por falar em Fórmula 1, aí está outra coisa que eu adorava. Nossa, o dia que o Ayrton Senna morreu, nem almoçar eu quis. Foi um domingo triste aquele.
E por aí vai. São tantas coisas, tantas lembranças, tanta saudade, que se eu escrever sobre todas elas, vou ficar um bom tempo e esse texto vai ficar GIGANTESCO. Por isso vou parando por aqui.
Mas é bom dar essa "viajada" pelas lembranças às vezes. Resgata quem somos realmente. 
Os nossos sonhos, os nossos objetivos, isto é o que nos faz seguir em frente, mas relembrar tudo que já passou, é, com certeza, um exercício salutar. 
Fica a dica, queridos leitores. =)

Até a próxima viagem maluca pela mente de Mr. Gomelli!

Abraços!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A dívida!

João Vigário saiu de casa naquele dia frio de inverno. Ao pisar na rua, sentiu o forte vento gelado, como que cortando sua face. Não queria estar enfrentando aquilo tão cedo, mas essa era sua nova vida. Sabia que para voltar a ser o que fora um dia, tinha que aguentar mais um tempo este tipo de sacrifício.
Seu relógio de pulso, comprado em uma banca de camelô, com a pulseira já gasta, marcava 6h15 da manhã. Sua rotina era essa desde que conseguiu o trabalho na obra comandada por um pedreiro seu amigo. Viu ali a oportunidade para recomeçar. Afinal, aqueles 9 anos na prisão haviam lhe tirado tudo que tinha. Esposa, emprego, casa e "amigos".
Na ânsia de aprender mais sobre a nova tarefa, era um dos primeiros a chegar e mesmo com toda a dificuldade e com o sofrimento que havia passado nos últimos anos, não era um homem triste. Pelo contrário. Alegrava seus companheiros de trabalho. Ora cantando uma canção junto com o radinho de pilha, que no volume máximo parecia mais uma caixa de abelhas, ora contando um "causo", ou apenas resmungando coisas que quase ninguém entendia.
Era tão descontraído, tão alegre, tão agradável e companheiro, que estava sempre respondendo questionamentos de como havia ido parar na prisão. Como um homem com aquele estado de espíríto havia matado outra pessoa? se perguntavam os que conheciam João. Ao que ele respondia de pronto:

- Quer mesmo saber?

- Claro...

- Então senta aí que eu te conto - dizia apontando para o banquinho de madeira logo ao lado.

- Tu já ouviu falar em azar Zécão? Pois, foi o que aconteceu comigo. Eu tive o azar de encontrar um cara que só queria confusão e no fim das contas, eu acabei preso por assassinato.

- Mas como foi isso João? - já perguntava outro que havia chegado mais perto para ouvir a história.

Era horário de almoço do pessoal e João limpou a garganta antes de seguir com os fatos...

- Toda sexta-feira, quando eu saía da escola onde eu tava fazendo um desses cursos técnicos sabe, eu ia para um bar. Sabe como é, fim da semana né, eu ia lá tomar uma cerveja e dar umas risadas com os colegas de curso. A gente ia sempre no mesmo lugar, pois tinha uma mesa de sinuca muito boa e ali ficávamos por horas. A gente não arrumava encrenca com ninguém e o dono do bar conhecia todo o grupo já. Como tu deve ter percebido já, eu sou muito brincalhão e sempre fui assim, sabe. Chegava lá, começava a jogar e a cada vitória a gente ficava tirando sarro um do outro. Coisa normal.

- Mas e o azar João? Onde que tá o azar? - perguntou outro mais curioso.

- Calma rapaz...to chegando lá. Então, naquela sexta-feira, a gente fez o que sempre fazia, mas quando chegamos no bar, deu para perceber um sujeito estranho num canto bebendo com outro um pouco mais jovem que ele. Pareciam irmãos. Nós esperamos a mesa de sinuca desocupar e fomos jogar e nos divertir. Lá pelas tantas, um dos meus amigos ficou tirando sarro de mim e o tal sujeito parece ter se invocado com ele. Achou que a gente tava ali apenas debochando dos outros e veio querendo briga. Nós, como de costume, ficamos naquela do deixa disso, mas ele queria briga e foi o que conseguiu. Acertou um soco de direita no Marcelo, meu amigo, que parecia o Rocky Balboa contra o russo aquele do filme...

João parou para ouvir as risadas dos seus agora muitos ouvintes. E continuou...

- Quando o Marcelo caiu, o sujeito quebrou a garrafa que tinha na mão e veio na minha direção. Eu então tive que me defender. Era isso ou a morte. E na briga quando consegui tirar a garrafa da mão dele, no impulso avancei e acabei acertando o jovem que estava com ele, e que havia se intrometido para lhe defender. Naquele mesmo momento, a polícia tinha chegado no bar e o que eles viram foi eu segurando o jovem desfalecido e com a garrafa quebrada na mão. Ele era irmão do tal sujeito mal encarado que jurou vingança. A polícia me levou e não teve advogado que me salvasse rapaz. Até porque, com o pouco dinheiro que eu e minha família tínhamos, não podíamos pagar muito. Acabei indo parar na prisão. Fiquei lá nove anos. E o azar Juca, foi de ter encontrado aquele sujeito no bar e de ele ter escolhido justamente nós para invocar. O azar foi acertar o irmão dele no meio da briga, que até aquele momento tava quieto no canto dele. O azar tava na polícia chegar só na hora que eu acertei o vivente e não para ver o princípio da confusão. E o tal do azar tava de novo quando meus "amigos" simplesmente me abandonaram quando viram que eu era o único acusado.

João terminou a história e viu o rosto dos seus ouvintes. Alguns murmuravam algumas coisas e outros apenas olhavam para ele. Quando o chefe da obra gritou para voltarem ao trabalho, seguiram todos para seus afazeres e João Vigário seguiu com seu jeito alegre de sempre.
Às  18h15, quando a noite começava a se debruçar sobre a cidade, João deixava a obra rumo a sua casa. Queria um banho quente e o conforto de casa. Queria descansar. Apesar do sofrimento nos anos na cadeia, não era um amargurado. Sabia que tinha apenas se defendido. Tinha dentro de si a esperança de conseguir retomar sua vida. Voltar aos estudos e concluir o curso que havia começado. Tinha certeza que havia pago sua dívida e vivia em paz com isso.

Quando dobrou a esquina de casa, João viu ao longe uma moto que vinha no sentido contrário. Só foi se preocupar quando a moto parou ao seu lado. Virou o rosto para ver do que se tratava, ouviu um grito e só teve tempo de ver aquele rosto enfurecido falar: "eu falei que tu ia pagar pela morte do meu irmão..."

Quatro disparos a queima roupa. A moto saiu em alta velocidade antes que qualquer pessoa pudesse ver nem sequer a cor. João morreu ali no local. A poucos metros de sua casa. E a dívida, que ele achava que havia pago na cadeia, cobrou como juros, a sua vida.